É grande a chance de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter encerrado nesta noite o ciclo de aperto monetário, elevando a Selic em 0,5 ponto porcentual, para 13,75% ao ano, na avaliação do chefe da área de Estratégia da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein. ‘O BC foi bem dovish, com comunicado surpreendente’, comentou, destacando como ‘novidade’ o trecho do texto em que os diretores afirmam que o comitê optou por ‘dar ênfase à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024, que reflete o horizonte relevante’.
O Copom argumenta que tal estratégia ‘suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária’. Na prática, o BC estaria excluindo o primeiro trimestre de 2023 quando, teoricamente, a reversão das medidas tributárias adotadas este ano vão bater na inflação. ‘Usou da criatividade. Foi a maneira encontrada para justificar o fim do ciclo de aperto’, afirmou Goldenstein, lembrando que o mandato, porém, é o ano calendário.
O estrategista explica que, não fosse assim, o BC não teria como encerrar o processo de ajuste da Selic, na medida em que sua projeção de IPCA para o ano que vem subiu a 4,6%, de 4% no último Copom. A meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com banda superior de 4,75%.
O comunicado deixa ainda um pequeno espaço para ‘um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião’, mas para Goldenstein ‘a barra para uma nova elevação agora está alta’.