A proposta do governo, antecipada pelo Broadcast/Estadão, de reajustar os salários dos servidores em 5%, a partir de julho, não foi bem recebida pelas diversas categorias da Esplanada dos Ministérios. Segundo sindicatos e associações, o porcentual não repõe as perdas inflacionárias do funcionalismo.
O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, afirmou que a proposta de reajuste de 5% não foi bem recebida pelas categorias. A entidade representa os servidores de nível médio da administração pública federal.
Segundo ele, o porcentual representa apenas um quarto da inflação acumulada nos três primeiros anos do governo Jair Bolsonaro (PL), que chegou a 19,9%.
“A proposta do governo não é agradável porque essa decisão não contempla o conjunto do funcionalismo. Significa um quarto do que o governo nos deve. Vamos fazer uma reunião amanhã para tratar do tema. Para além dessa questão, a proposta não contempla todo o ano, apenas a partir de julho. O servidor público está em uma situação cruel e 5% não vai atender nossa necessidade”, disse.
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, afirmou que, se a proposta for real, representa uma mudança de postura do governo. Entretanto, ele disse que os 5% de reajuste são insuficientes. Com isso, a greve da categoria deve continuar.
“A gente acha que essa proposta de um reajuste de 5% dos salários para todos os servidores é só um balão de ensaio. Se essa proposta for realmente oficial, mostra o governo trouxe algo, mudou de postura, mas para o BC não é suficiente. Sem a pauta não salarial, isso é insuficiente. Com isso, a greve continua”, disse. Os servidores do BC pedem um reajuste salarial de 27% e a reestruturação da carreira.
O presidente da Unacon Sindical, Bráulio Santiago, que representa os servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU), afirmou um reajuste de 5% é insuficiente para repor as perdas inflacionárias para as categorias do funcionalismo.
“O governo também não deixou claro se fará reestruturações para carreiras específicas. A gente não aceita esse desalinhamento. Vamos aumentar a mobilização”, disse.
Os servidores do Tesouro farão paralisações em 20 de abril e 4 maio. Os da CGU cruzarão os braços apenas em 4 de maio.