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EsportesTorcedor cego tem jogos narrados pela mãe e recebe homenagens do Santos

Torcedor cego tem jogos narrados pela mãe e recebe homenagens do Santos

Torcedor cego tem jogos narrados pela mãe e recebe homenagens do Santos

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Desde o início do Campeonato Paulista de 2022, uma cena virou rotina na Vila Belmiro. Matheus do Carmo Meira, de 25 anos, que nasceu com uma séria deficiência visual e autismo, e Eliane, de 55 anos, se sentam nas arquibancadas para acompanhar os jogos do Santos como um ritual. Sem poder enxergar, ele segue seu clube do coração por meio do rádio. Com o passar do tempo, sua mãe virou sua narradora oficial, em casa e na Vila Belmiro.

Filhos de pais tricolores – a mãe é são-paulina e o pai, Altamir, é torcedor do Fluminense -, Matheus encontrou sua paixão no Santos pela influência de uma amiga próxima à família, a quem carinhosamente chamava de “vó”. “Ela sempre cantava o hino do time para o Matheus que, conforme foi crescendo, criou amor e afeto pelo Santos”, relata Eliane, em entrevista ao Estadão. Hoje, tanto ela quanto o pai seguem os passos do filho na Vila Belmiro.

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Moradores de Ribeirão Pires, a família viaja sempre aos jogos do Santos, como aconteceu na segunda-feira. Após a partida entre Santos e Fluminense, que acabou empatada em 2 a 2, Matheus recebeu homenagens do clube. Torcedores do Santos ficaram emocionados com o gesto. A ação, que contou com a participação de João Paulo, goleiro do time, foi divulgada nas redes sociais do próprio clube. “Você é nosso ídolo”, afirmou o garoto no vídeo publicado na internet.

“Ele (João Paulo) estava concedendo uma entrevista, quando encontrou o Matheus e veio à nossa direção, ofereceu sua camisa e conversou conosco. Foi um gesto muito bonito, fiquei muito emocionada”, conta Eliane. “Ter esse reconhecimento do Santos é uma sensação indescritível por conta de toda a história de vida, nossa e do Matheus. Fico feliz por ele estar conquistando esse afeto dos torcedores e ficando mais à vontade na arquibancada.”

Além de João Paulo, Ganso e William Bigode também conversaram com a família após a partida. “Foi um momento de alegria, tanto para o Matheus quanto para o seu pai. Ontem, fomos com camisas temáticas, que remetiam ao respeito e à inclusão no futebol, e esse gesto deles (Ganso e William) foi muito importante para nós”, conta a mãe. Matheus até brincou com o pai que não se “manifestasse” enquanto estivesse na torcida do Santos. “Somos adversários, mas jamais inimigos.”

Eliane fez questão de descrever o retorno de Matheus para casa após a partida. Eufórica, a mãe conta que o filho não escondeu a animação no carro. “Ficou muito feliz, porque o jogo foi muito bom, além dos presentes que ele recebeu. Além disso, ele ama o Santos, torce na vitória e na derrota. Sempre foi assim, desde pequeno”.

INÍCIO DE MATHEUS NOS ESTÁDIOS

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Por causa do autismo, Matheus não sentia necessidade de ter amigos e gostava do isolamento. O primeiro jogo do jovem nos estádios foi na Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, em São Caetano. Na ocasião, ele se sentiu confortável em deixar seu quarto pelo estádio ser próximo à casa de sua avó.

No entanto, essa primeira experiência não foi das melhores. “O estádio lotou e muitas das pessoas não sabem ainda da necessidade de um deficiente visual ter visão clara e limpa do campo, para que alguém possa narrar o jogo para ele”, conta. No fim, uma torcida organizada fez esforço para que Matheus e Eliane pudessem ir ao camarote do estádio, acompanhar a partida com mais tranquilidade.

Os primeiros passos, dados em janeiro, se consolidaram em uma rotina. “Ele gosta de ir à Vila Belmiro, sente necessidade, registra seus momentos na rede social antes dos jogos”, diz a mãe. “Ele sabe tudo sobre o Santos e sobre jornalista. É encantador”.

A paixão pelo Santos e pelo esporte – tem Pepe e Pelé como maiores ídolos – teve uma mudança profunda na personalidade de Matheus. “Nesses últimos meses, percebo uma mudança que 25 anos de terapia não provocaram nele”, afirma. “Ele conversa, cumprimenta diversas pessoas, tem vários amigos na internet e não se importa com o barulho do estádio. Tudo isso só foi possível graças ao Santos”, diz.

“Não se encontra muitos estudos sobre a pessoa que, além de deficiente visual, é autista. É muito difícil lidar com esses problemas porque o autista é, por si só, uma pessoa visual. É muito bom que outras mães vejam a história do Matheus, que levem seus filhos aos estádios, pois é um processo de melhora que leva tempo, mas que acontece. Foram 25 anos para eu sentir confiança em sair de casa com meu filho.”

TORCEDOR DO PALMEIRAS

Nos últimos anos, outro caso semelhante ao de Matheus ganhou o noticiário. Nickollas Grecco, torcedor do Palmeiras e também deficiente visual, conta com a ajuda de sua mãe, Silvia Grecco, para narrar as partidas de seu time diretamente do Allianz Parque. Sua história, assim como a de Matheus, recebeu cobertura da imprensa e viralizou nas redes. Na época, Silvia recebeu uma premiação da Fifa, ‘fan award’, que reconhece gestos de torcedores ao redor do mundo. Além disso, os dois viraram tema do primeiro capítulo de uma série produzida pela Fifa, “Sheroes” – junção das palavras em inglês “she” e “heroes” -, que aborda a relação de diversas mulheres com o futebol.

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