TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Sob pressão olímpica, Tóquio enfim pôde esfriar a cabeça. Nesta terça-feira (27), a onda de calor intenso que atingia a cidade-sede das Olimpíadas de 2020 deu uma trégua pela primeira vez em semanas.
Seria um alívio, não fosse um tufão o culpado pela mudança de ares que trouxe chuvas e ventos fortes à capital japonesa.
A rajada de ventos teve impacto direto sobre modalidades olímpicas, alterando horários das competições de remo e tiro com arco. As finais do surfe foram antecipadas para que a disputa no mar terminasse já nesta terça.
A previsão era de que a tempestade tropical ocorresse em algum lugar nas regiões de Kanto ou Tohoku, no leste do Japão, nesta tarde.
“Continuaremos monitorando as últimas informações meteorológicas para garantir a segurança de todos os envolvidos nos Jogos”, disseram os organizadores.
Até segunda (26), a maior dor de cabeça climática da organização eram o calor e a umidade elevados, principalmente para os atletas que tiveram que disputar seus esportes debaixo de sol forte e temperaturas acima dos 30ºC. A sensação térmica chegou a beirar os 40ºC.
“Esperávamos que as condições fossem muito difíceis, mas antes de você vir aqui e experimentar você realmente não sabe o quão difícil é”, disse o tenista Novak Djokovic, número um do mundo e já vencedor de dois jogos no torneio olímpico.
O sérvio defendeu mudar a programação das partidas. Nada feito. Elas começam às 11h e vão até a noite.
No skate, os organizadores anteciparam o horário de início das eliminatórias das 9h para as 8h30, mas as finais do street masculino e feminino aconteceram com sol a pino no início da tarde.
Não havia nenhuma cobertura nas arquibancadas (ocupadas apenas por delegações e estafe) nem na área destinada à imprensa.
A principal preocupação manifestada pelos atletas brasileiros: o derretimento da vela (parafina) que eles passam nos obstáculos para conseguir deslizar melhor e não travar durante as manobras.
Apesar disso, após ganhar a medalha de prata, Kelvin Hoefler não citou o ar quente como maior barreira para subir mais alto no pódio. “Se não fosse o vento, a gente poderia ter levado [o ouro]. Infelizmente, eu errei duas manobras por conta do vento, tive esse empecilho”, disse.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) tem distribuído a competidores da delegação brasileira coletes e colares nos quais é possível colocar gelo para resfriar o corpo do atleta.
“O calor aqui é muito úmido, estamos suando mais do que o normal, sem ventar fica mais quente ainda”, disse o jogador de vôlei de praia Alison.
“Viemos cedo para o Japão, mas mesmo adaptada você sente o calor. Em alguns momentos, eu tive que parar para respirar e me concentrar para conseguir fechar o ponto. Até o árbitro me lembrou que eu podia beber água nas trocas de lado da quadra”, afirmou Ágatha, da mesma modalidade.
A expectativa de ter performances olímpicas atrapalhadas pelo calor já havia sido considerada na transferência das provas de maratona e marcha atlética de Tóquio para Sapporo, no norte do país. Lá as temperaturas são bem mais amenas.