SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A atleta Krystsina Tsimanouskaya, da Belarus, está “em segurança” no Japão, informou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta segunda-feira (2), um dia após a esportista denunciar que foi forçada a abandonar os Jogos Olímpicos e retornar ao seu país por criticar sua federação nacional.
“O COI e a Tóquio-2020 falaram diretamente com a atleta Krystsina Tsimanouskaya ontem (domingo)”, disse o Diretor de Comunicações do COI, Mark Adams, nesta segunda.
“Ela nos garantiu que estava bem e em segurança. Ela passou a noite em um hotel no aeroporto de Tóquio-Haneda e o COI planeja se encontrar com ela nesta segunda-feira para descobrir suas intenções e apoiá-la”, explicou Adams.
O dirigente, no entanto, não confirmou as especulações sobre a possibilidade da atleta ter pedido asilo político na União Europeia.
Funcionários do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estão trabalhando no caso, revelou Adams.
Por sua vez, o governo japonês “continuará a cooperar estreitamente com as organizações envolvidas e tomará as medidas cabíveis”, tratando este caso “de acordo com a lei”, disse o porta-voz do governo japonês, Katsunobu Kato, sem fornecer mais detalhes.
Os ministros das Relações Exteriores e da Justiça do Japão, bem como a polícia local, não quiseram comentar, nem o Acnur. A AFP tentou contatar várias embaixadas no Japão de países ocidentais sem obter uma resposta.
Na noite de domingo (1º), Tsimanouskaya denunciou que foi forçada a deixar os Jogos Olímpicos por seu técnico, Yuri Moiseyevitch, e que mais tarde funcionários do Comitê Olímpico de Belarus a acompanharam ao aeroporto para que voltasse ao seu país.
Poucos dias antes, a atleta havia criticado duramente a federação de atletismo de seu país por obrigá-la a participar do revezamento 4 x 400 m, quando inicialmente tinha que correr as provas de 100 e 200 m, devido, segundo ela, ao fato de que dois outros velocistas bielorrussos não passaram por controles antidoping.
Em entrevista, Tsimanouskaya disse que estava “com medo” de ser presa se voltasse para a Belarus e pediu a intervenção do COI.
O incidente ocorre em um momento em que o regime do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, reprime opositores, jornalistas e militantes para tentar impedir o movimento de protesto que se originou em 2020 contra sua reeleição para um quinto mandato.