Neste fim de semana, o Autódromo Veloccita recebe mais uma etapa da temporada da Stock Car. Localizado dentro de uma fazenda particular de 650 alqueires na cidade de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, a pista é considerada a mais exigente pelos pilotos da maior categoria do automobilismo brasileiro. Apesar disso, o Veloccita nasceu por causa de um misto de sorte e vontade de um grupo de pessoas.
“Penso que a forma como acabou acontecendo tudo aqui na fazenda e no Veloccita fez com que a gente não imaginasse nada, só foi tudo sendo feito e, quando se viu, o autódromo já era o que é. Pela forma como a pista é, seu traçado, com algumas curvas de alta velocidade, com diferença de altura entre as regiões do autódromo, e o fato de não termos uma reta tão longa como em outros circuitos do País faz com que a exigência dos pilotos aqui seja maior e as pessoas vejam o Veloccita como uma pista única no Brasil”, comentou Guiga Spiinelli, diretor-presidente do Autódromo em Mogi Guaçu.
Para os pilotos não é diferente. Mesmo tendo sido construído dentro de um espaço inusitado de uma fazenda, o autódromo do interior paulista é considerado pela grande maioria dos pilotos como uma das pistas mais exigentes de todo o território nacional por diversos motivos.
“O Velocitta acaba sendo uma das pistas mais exigentes na Stock Car, mas acho que o mais difícil na pista é manter o sistema de freios dos carros em bom estado durante toda a prova, pois o calor lá acaba sendo um fator determinante. Além disso, como a pista tem poucos pontos de ultrapassagem, um bom treino classificatório acaba sendo bem fundamental para um bom resultado. É uma pista muito boa, onde a infraestrutura, organização, cuidado da pista com um asfalto perfeito são o destaque”, comentou Ricardo Zonta.
Felipe Massa concorda com o companheiro. “Acho que o Veloccita é uma pista inteira técnica. A ultrapassagem nela é mais difícil, uma pista que é necessário ter um carro bom e equilibrado. Existem curvas de alta velocidade, mas é preciso estar bem nas de baixa velocidade também. Com as retas mais curtas, é um autódromo que exige muito da gente. Além de tudo isso, o formato dela, o calor da cidade, é uma pista em que a atenção é necessária a todo o momento para evitar acidentes. Eu mesmo me envolvi em alguns nas últimas disputas no Veloccita. Para mim é a pista mais bonita que existe no Brasil, principalmente por estar dentro da fazenda.”
Thiago Camilo, um dos principais pilotos da categoria, desta a atenção de quem está na pista, do começo ao fim da prova. “Talvez o Veloccita seja a pista que existem a maior quantidade de variações entre alta, média e baixa velocidade para mim. Isso exige que o piloto esteja o mais comprometido possível e o carro esteja o mais equilibrado possível. A degradação dos pneus é muito alta, o que faz com que a equipe tenha que ter mais uma preocupação e, pelo formato da pista, não necessariamente um carro que vai bem nos treinos irá bem na corrida. Por isso tudo o Veloccita é único”, comentou.
ORIGEM
Apesar de ser muito bem visto por pilotos e pessoas do meio do automobilismo, o Veloccita foge um pouco do usual de uma pista de corrida. O autódromo de Mogi Guaçu está localizado no interior do Estado de São Paulo, a cerca de 180 km da capital. A razão para que isso tenha acontecido é literalmente o acaso.
“No início do milênio, lá por 2000, 2001, a equipe de rally da Mitsubishi estava procurando um lugar para treinos e até competições. Por conta disso, a empresa passou a buscar espaços numa distância de até 100 km da capital paulista para arrendar e fazer um espaço para treinos. Nessa busca, foi localizada uma fazenda em Mogi Guaçu, que estava à venda. A empresa comprou, depois de alguns anos ela passou a ser usada para outras coisas. A Mitsubishi acabou vendendo e a parte que hoje é o autódromo passou a ser construída pelo novo dono do local. A pista passou a tomar forma por desejo pessoal do proprietário, e resultou no que temos hoje”, disse Guiga Spinelli.
A passagem da Stock Car pelo circuito paulista integra as comemorações de dez anos do autódromo, inaugurado em 2012. Atualmente, o autódromo Veloccita possui um traçado de 3.438 metros de extensão, 14 curvas e desnível de 45 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo.