TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – A seleção feminina de vôlei do Quênia se despede dos Jogos de Tóquio nesta segunda-feira (2), às 9h45 (de Brasília), contra o Brasil. A equipe, que está na última colocação em sua chave, talvez não “vá beliscar um set”, como disse o seu técnico, o pernambucano Luizomar de Moura, 55. Mas o resultado é o que menos importa, avalia o treinador.
“Esse trabalho é muito mais uma causa do que pensarmos em qualquer resultado”, diz o brasileiro.
A seleção queniana não garantia uma vaga nas Olimpíadas desde Atenas-2004. O time confirmou sua presença no Japão ao derrotar a Nigéria por 3 a 0 (25/15, 25/21 e 25/12), em janeiro deste ano, pelo qualificatório africano.
A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) foi quem viabilizou a contratação de Luizomar. A entidade tem projeto para auxiliar no desenvolvimento da modalidade na África, onde o esporte é praticado de forma quase amadora.
“A liga está começando a se profissionalizar e ainda se joga em quadra descoberta. Mas aos poucos essas coisas vão mudar no Quênia”, afirma o técnico. “Por isso eu falo que é uma causa, quero deixar um legado de como o vôlei é trabalhado pelo mundo.”
Foi a FIVB quem colocou alguns nomes de técnicos à disposição da federação queniana, e Luizomar foi o escolhido.
O pernambucano, nascido em Caruaru e criado em São Caetano do Sul (SP), está no comando da equipe feminina do Osasco desde a temporada 2006.
Após as Olimpíadas de Tóquio, ele deverá apresentar à FIVB um relatório no qual irá detalhar a preparação realizada com a seleção do Quênia. Depois, retomará seus compromissos com a equipe paulista.
O Quênia, com uma população de quase 50 milhões de habitantes, é conhecido mundialmente como potência no atletismo. Das 103 medalhas do país conquistadas nos Jogos, 96 são no atletismo e 7 no boxe.
“A educação no Quênia é muito focada no atletismo. A primeira mudança radical que estamos fazendo é que as jogadoras treinavam pouco a força e a potência, enquanto trabalham muito a resistência”, afirmou o brasileiro.
Nesse aspecto, Luizomar conta com a ajuda do vídeo, inclusive mostrando imagens da oposta Tandara, que atua pela seleção brasileira e pelo Osasco.
“As quenianas ficaram encantadas com a forma que Tandara levanta peso na academia e a força com que bate na bola. Minha missão é contribuir com essa evolução, mostrar um caminho para essas atletas”, afirma Luizomar.
“Elas têm uma vontade incrível de melhorar, isso é apaixonante para um técnico. Esse trabalho, no Quênia, é muito parecido com o que vivi dirigindo as seleções de base do Brasil.”
Luizomar tem em seu currículo títulos mundiais pela seleção brasileira infanto-juvenil e juvenil, além de ter sido campeão mundial pelo Osasco e conquistado por três vezes a Superliga – sendo duas pelo time paulista e uma pelo Flamengo.
Ele chegou a ser auxiliar-técnico de Marco Aurélio Motta na seleção feminina profissional, entre 2021 e 2002.
O pernambucano, que realiza o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, mantém a fé de que voltará a uma nova edição do evento e, da próxima vez, no comando da seleção brasileira.
“O Brasil e a Sérvia são favoritas a brigar pela medalha de ouro. Vamos enfrentar algumas meninas que vi surgir nas categorias de base. A Tandara mandou mensagem para nos encontrarmos na Vila. Natália, Camila Brait, a Bia, a Fernanda Garay, todas jogaram comigo. É lógico temos que tentar a dificultar a vida delas.”