CHIBA, JAPÃO (FOLHAPRESS) – A celebração do primeiro ouro olímpico da história do surfe teve muito choro, mortal no pódio e lembranças da avó.
Italo Ferreira saiu do mar da praia de Tsurigasaki carregado nos ombros, festejando a conquista inédita. Quando parou na primeira câmera de TV, desabou a chorar logo na segunda pergunta.
“Eu queria que minha avó estivesse viva para ela ver isso. Para ver o que eu me tornei, o que eu consegui fazer”, disse assim que conseguiu falar alguma coisa.
Dona Mariquinha era “mó figura”, nas palavras do neto. Eles “se zoavam” o tempo todo, conta, ao resgatar algumas memórias da relação com a avó, que não pôde vê-lo campeão nas Olimpíadas.
Era ela que via antes de todo mundo as conquistas do jovem surfista potiguar.
“Quando eu voltava do campeonato, a primeira coisa que eu fazia era mostrar o troféu para ela”, lembrou o atleta, que nasceu em Baía Formosa (RN).
Não vai ser diferente agora. “Quando eu fui campeão do mundo, eu levei para ela e ela não estava. Eu provavelmente vou continuar no mesmo ritual, levar a medalha para ela”.
Mariquinha morreu em 2019, no mesmo ano em que Italo Ferreira se tornou o terceiro brasileiro a conquistar um mundial da modalidade. “Ela lá de cima está muito orgulhosa”, disse o surfista após conquistar o ouro no Japão.
No primeiro pódio da história do surfe nas Olimpíadas, mais emoção e alegria. Já com a medalha de ouro no peito, Italo Ferreira pediu licença para extravasa. Deu um mortal e saiu acenando para os presentes, agradecendo a todos pelo apoio.
Italo Ferreira saiu do mar nos ombros de Marquinho, seu amigo e auxiliar técnico, e nos de Rudá Carvalho, ex-surfista profissional. Os dois foram lembrados nos agradecimentos do atleta.
“Marcos cuida da minha vida hoje. Eu dou graças a Deus de ter conhecido ele. Quando eu tinha 14 anos, no Espírito Santo, quando eu fiquei sem hotel, ele me levou para a casa dele. Hoje a gente cresce junto. A gente tem uma família incrível”, afirmou.
Rudá, na verdade, foi um empréstimo. Ele foi ao Japão como treinador da surfista brasileira Silvana Lima, eliminada nas quartas de final dos Jogos, mas foi fundamental na vitória do campeão olímpico.
“Eu pedi para ele, ‘porra, vamos levar essa medalha para o Nordeste, Rudá’. Ele é da Bahia. E ele me deu uma força incrível esses dias, falava a real, sempre de homem para homem, olho no olho, falava umas paradas que me deixava bem motivado”.
Italo levou ao Japão frase que deu sorte. “Diz amém que o ouro vem”.