Darlan Romani cansou de ficar no “quase”. Passou perto de subir ao pódio em dois Mundiais e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mesmo alcançando marcas que lhe garantiriam medalhas em edições anteriores. Mas lutou contra o destino e, enfim, venceu os melhores do mundo ao ganhar o ouro no arremesso de peso do Mundial Indoor de Belgrado, na Sérvia. A marca de 22,53 m é muito boa para início de temporada e isso foi fundamental para ele superar seus fortes adversários. Sentiu alívio, alegria e orgulho, sentimento que considera difíceis de descrever. “Consegui romper uma barreira. O muro foi derrubado”, define.
Em entrevista para a AE, o catarinense natural de Concórdia diz como é competir com Ryan Crouser, Joe Kovacs e Thomas Walsh, três dos melhores arremessadores da história e detalha como faz a diferença ter de volta ao seu lado o técnico cubano Justo Navarro, que por conta da pandemia ficou fora do País por mais de um ano.
Você ficou em quarto lugar nos Jogos de Tóquio, e nos últimos dois Mundiais de Atletismo. Encarou o “quase” algumas vezes. Mas agora ganhou o ouro tão desejado em uma das principais competições internacionais. Como se sentiu?
A sensação é que eu consegui romper uma barreira. O muro foi derrubado. Eu treinei bastante, batalhei bastante por essa medalha. Agora encaixou e foi embora. A ficha ainda não caiu. Estou muito contente com esse título. É um momento de curtir essa medalha.
Você obteve o título e sua melhor marca indoor na carreira. Até quanto dá para alcançar?
É difícil dizer. Estou treinando para melhorar ainda mais.
Você disputa com três dos melhores arremessadores da história. Um deles, o Ryan Crouser, aliás, é considerado o melhor da história. Como é competir com esses caras?
Competir com eles é estar entre os melhores do mundo. Os caras são muito bons. São excelentes pessoas, grandes atletas. Eu estar ali no meio me faz sentir um dos maiores porque eu olho para o lado e vejo um cara (Ryan Crouser) que já passou dos 23 metros, bateu recorde mundial, é bicampeão olímpico. O Tom Walsh foi bicampeão indoor. O (Joe) Kovacs também foi campeão mundial, medalhista na Olimpíada. Você estar ali no meio deles e conseguir vencê-los é muito prazeroso. Meu coração fica contente e isso me motiva para melhorar ainda mais. Meu inglês é um pouco curto, mas sempre falo com eles. Pergunto sobre a família, os treinamentos. Dois dias antes da prova, eu treinei com o Crouser na academia. Ele até filmou e me colocou no canal do YouTube dele, fazendo análises. Ele queria minha opinião a respeito dos movimentos dele. Ele gostou. Temos uma boa amizade.
Você voltou a ter seu técnico, o cubano Justo Navarro, ao seu lado presencialmente depois de mais de um ano. O quanto isso faz a diferença no dia a dia?
Faz total diferença tê-lo de novo comigo. Fiquei 380 dias sem ele por perto. Na parte de força, por exemplo, na academia, o treinador está olhando o movimento com atenção e sempre dá um toque. São pequenos detalhes em que, quando você está sozinho, às vezes não presta atenção no que fez. Na parte técnica, não tem nem o que falar. Ele avisa o que tenho que melhorar, diz por que fiz determinado movimento. Psicologicamente, ele não me deixa acomodar de jeito nenhum. Diz: ‘você é campeão mundial? Não interessa. Amanhã você vai treinar e pronto’. É bastante exigente, mas é o correto.