O jornalismo esportivo perdeu nesta sexta-feira um de seus ícones. Morreu, aos 73 anos, Edgard Alves, vítima de enfarte. Ele trabalhou por mais de quatro décadas no jornal Folha de S. Paulo e, desde 2012, tinha uma coluna sobre todos os esportes, e isso graças ao seu conhecimento das modalidades. Edgard gostava de basquete. Ele era natural de Botucatu, interior de São Paulo.
Por trás do semblante fechado, Edgard Alves tinha como ninguém o poder de ensinar os jornalistas mais jovens como se comportar na profissão. Seus textos eram difíceis de serem “cortados”, tal o poder de síntese e de “amarração” de todos os detalhes importantes de uma notícia. Era amável e engraçado.
Dentro de uma redação com mais de 400 pessoas, era normal jornalistas de todas as áreas se dirigirem até sua mesa para tirar dúvidas de português ou pedir informações sobre determinado esporte. Edgard nunca respondia de primeira. Era criterioso e não admitia erros em seus textos nem nos dos outros.
Mas o estilo austero na hora de escrever contrastava com a solidariedade, o companheirismo e a amizade que os colegas mais próximos tiveram o prazer de desfrutar. Apesar de suas convicções políticas, jamais discutiu com alguém que não tivesse a mesma forma de pensamento.
Especialista em esportes olímpicos, era referência no basquete, atletismo e boxe. Cobriu os Jogos Olímpicos de Montreal-1976, Moscou-1980, Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Rio-2016, além de inúmeros Jogos Pan-Americanos e Mundiais de várias modalidades.
Edgard Alves foi um jornalista que não tinha “cara”, não era reconhecido nas ruas. Sabia que seu trabalho era um elo entre a informação e o público. E isso ele fez de forma exemplar. Edgard merece ser lembrado para sempre. Como nome de rua, sala de imprensa, competição esportiva. O jornalismo esportivo jamais se esquecerá dele.