Pâmela Rosa conquistou no domingo o bicampeonato mundial de skate no street, modalidade que utiliza degraus, rampas e corrimões para fazer manobras ousadas. Ela ganhou a medalha de ouro, ficando à frente de Rayssa Leal, outra brasileira, no evento disputado nos Estados Unidos.
Já de volta para casa, ela foi recebida com festa em sua cidade, São José dos Campos, no interior paulista, e conversou com exclusividade com o Estadão e contou um pouco de seus projetos de carreira e de como o segundo título mundial ajuda a minimizar a frustração de ter saído dos Jogos Olímpicos de Tóquio sem medalha – ela competiu machucada.
Qual a sensação de conquistar o bicampeonato mundial de street?
É uma sensação de missão cumprida! Todo esforço valeu a pena. Cada sessão e sacrifício na fisioterapia foi recompensado. Trabalhei muito para me recuperar após a frustração dos Jogos Olímpicos.
Quais as semelhanças e diferenças entre o título de 2019 e este agora?
São momentos bem distintos. Em 2019 foi em São Paulo, na minha casa, e eu estava acompanhada da família e amigos. Na Flórida estava apenas com meu técnico, o Hamilton. Além disso, estava quase quatro meses fora de casa sem ver meus pais. Realmente foi algo muito especial para minha carreira e também para meu crescimento pessoal.
Como você conseguiu deixar para trás a frustração de não ter conquistado uma medalha em Tóquio por causa de lesão para confirmar seu ótimo momento no Mundial?
Nós atletas precisamos trabalhar nosso psicológico para as pressões que recebemos dentro e fora das pistas. Não tenho vergonha nenhuma em falar que faço terapia com a Carla Pierro. Sempre tive apoio do Hamilton (técnico) que está comigo há nove anos e me conhece muito bem. Acredito que se o meu treinador tivesse comigo em Tóquio, mesmo lesionada, poderia ter tido um resultado muito melhor. O Hamilton, inclusive, brincou comigo um dia antes da final. Disse que eu faria 21 pontos e foi justamente o que aconteceu (risos).
Coincidentemente, a Rayssa Leal ficou com a prata nas duas vezes que você ganhou o ouro. Como está a relação de vocês?
A Rayssa tem um baita talento além de ser muito técnica. Não somos melhores amigas, mas da minha parte tenho muito respeito como skatista e também brasileira que representa nosso País com orgulho no exterior.
A Rayssa é bem jovem, assim como você. Acredita que vocês duas vão manter o alto nível por muito tempo?
Espero que sim! Principalmente porque dessa forma cada uma puxa a outra indiretamente e ninguém fica acomodado. O nível dessa final em Jacksonville foi altíssimo. Isso só fortalece o esporte feminino.
O que esse título nos EUA te ajuda para a campanha olímpica até Paris-2024?
Mostra que estou no caminho certo! Foi um título da superação da minha lesão e da frustração por não ter conseguido uma medalha em Tóquio. Tenho muita esperança que em Paris será diferente. Só depende de mim.
Logo você vai embarcar para o Pan Júnior, na Colômbia. Qual sua meta?
A meta é vencer! Independentemente da competição que participo, entro sempre para vencer e representar meu país com orgulho.
O título mundial acaba te dando uma projeção internacional. Como está sua situação financeira e de patrocínios?
Felizmente tenho bons patrocínios, mas não sou rica (risos). Banco BV, Nike, TNT, Panasonic, MVituzzo, Prefeitura de São José dos Campos são alguns que me apoiam e acreditam no projeto. O mais importante neste momento é que consegui dar uma casa para os meus pais. Isso só me orgulha!
E o projeto de carreira para os próximos anos? Ficará treinando no Brasil mesmo?
Infelizmente neste momento não tem condição técnica de treinar no Brasil. As pistas nos Estados Unidos são ótimas e não dá nem para comparar com as do Brasil. Além disso, nos EUA tem várias opções de pistas, podendo variar o treinamento. Em 2022 certamente estarei treinando nos Estados Unidos para as etapas da SLS.