SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O nadador Daniel Dias, bronze nos 200 m livre da classe S5 na quarta-feira (25), conquistou mais duas medalhas da mesma cor nesta quinta (26), segundo dia de competições das Paralimpíadas de Tóquio-2020.
Primeiro nos 100 m livre da classe S5 e depois com a equipe mista do revezamento 4 x 50 m livre. O maior atleta paralímpico do país chegou assim ao 27º pódio da carreira (14 ouros, 7 pratas e 6 bronzes).
O Brasil conquistou ainda mais duas medalhas de prata nesta manhã: na esgrima em cadeira de rodas, com Jovane Guissone, na categoria B da espada, e no hipismo adestramento classe IV, com Rodolpho Riskalla.
Agora o país tem oito medalhas, um ouro, três pratas e quatro bronzes nos Jogos de Tóquio. Veja o quadro geral aqui.
Natação Numa prova de recuperação espetacular, Daniel Dias abriu a manhã brasileira conquistando a medalha de bronze nos 100 m livre classe S5 (para atletas com deficiência física).
Após ter virado os primeiros 50 metros na quinta posição, ele evoluiu no trecho final, ultrapassou o chinês Tao Zheng nos últimos metros e bateu na terceira colocação, com 1min10s80. O medalhista de ouro foi o italiano Francesco Bocciardo (1min9s56), e o de prata, o chinês Lichao Wang (1min10s45). Daniel Dias terminou sete centésimos à frente de Zheng.
O brasileiro, que vai se aposentar após as Paralimpíadas da capital japonesa, já havia conquistado o bronze nos 200 m livre da classe S5 nesta quarta-feira (25). A prova também foi vencida por Bocciardo.
“Está fluindo, hoje já foi mais leve. Quando virei, vi que os chineses estavam um pouco à frente e falei: ‘não vai ser fácil para eles’. Nadei a minha prova, alcancei a meta e estou bem feliz. Foram os últimos 100 metros, agora é só prova de 50”, afirmou ao SporTV.
Dias, que nasceu com má-formação dos membros superiores e na perna direita, irá nadar outras três provas, a próxima já nesta sexta (27), os 50 m borboleta. Seu último ato, nos 50 m livre, está programado para as 7h29 do dia 1º de setembro.
Nesta quinta, ele também participou do time de revezamento 4 x 50 m livre 20 pontos (o número indica o limite na soma das classes dos participantes), que levou o bronze na última prova do dia.
A equipe for formada também por Joana Neves, Talisson Glock e Patrícia Pereira dos Santos.
Glock fechou a participação batendo na terceira posição, em 2min24s82, atrás de chineses, que dominaram com direito a recorde mundial (2min15s49), e italianos (2min21s45). A vantagem para os ucranianos, que terminaram em quarto, novamente foi de apenas sete centésimos.
Ruan Lima (quinto nos 100 m peito SB9), Matheus Rheine (quinto nos 400 m livre S11), Talisson Glock (sexto nos 200 m medley SM6) e Joana Neves (oitavo nos 100 m livre S5) também disputaram finais.
Os números das classes da natação variam de 1 a 10 para deficiências físicas, 11 a 13 para deficiência visual e 14 para deficiência intelectual. Quanto menor o número, maior o comprometimento motor.
Hipismo Rodolpho Riskalla, 36, conquistou a prata no hipismo adestramento classe IV (para cavaleiros com um ou mais membros debilitados ou algum grau de deficiência visual). Montando Don Henrico, ele obteve a pontuação de 74,659 em sua apresentação.
O brasileiro já havia conquistado duas medalhas de prata nos Jogos Equestres Mundiais de Tryon (Estados Unidos) em 2018. Na ocasião, foi vice no individual e individual estilo livre, ambos na classe IV.
O ouro ficou com a holandesa Sanne Voets, com a montaria Demantur, com 76,585. O bronze foi da belga Manon Claeys, com 72,853 pontos.
Originalmente, Riskalla competia no adestramento para atletas sem deficiência. Em 2014, decidiu encerrar a carreira, após resultados decepcionantes.
Voltou ao Brasil no ano seguinte, quando seu pai morreu. No país, viveu um grande drama: contraiu meningite bacteriana e chegou a ficar entre a vida e a morte, em coma por quase três semanas. Teve que amputar a parte inferior das pernas, a mão direita e dois dedos da mão esquerda.
Rodolpho voltou a treinar adestramento em janeiro de 2016, cinco meses após as cirurgias de amputação, com um cavalo emprestado.
No Rio-2016, competindo na classe III, ficou em 10º no individual e 7º por equipes.
Esgrima Jovane Guissone, 38, conquistou a medalha de prata na esgrima em cadeira de rodas.
Ele foi derrotado pelo russo Alexander Kuzyukov na final da categoria B da espada, por 15 a 8, e terminou como vice-campeão após uma excelente campanha até a decisão. É a segunda medalha de Guissone, ouro em Londres-2012, nos Jogos Paralímpicos.
O gaúcho de Barros Cassal teve uma lesão na medula aos 22 anos causada por disparo de arma de fogo durante um assalto. Três anos depois do ocorrido, passou a treinar esgrima em cadeira de rodas e iniciou uma carreira de muitas conquistas. Ele é o responsável pelas duas únicas medalhas do país nesse esporte nas Paralimpíadas.
“Estou muito feliz mesmo pelo dia de hoje! Meu objetivo era trabalhar bastante para chegar aqui em Tóquio, fazer o meu melhor e garantir uma medalha para o Brasil. Feliz, jogando solto e colocando em prática tudo aquilo que treinei. Voltar com uma medalha no peito é o resultado de muita dedicação”, comemorou.
Na esgrima em cadeira de rodas, os atletas são avaliados, principalmente, de acordo com a mobilidade do tronco e podem ser classificados em três categorias: A, B e C, da de menor comprometimento motor para a maior.
Goalball Depois de estrear com goleada sobre a seleção da Lituânia, o time masculino brasileiro de goalball foi derrotado pelos Estados Unidos por 8 a 6. As duas equipes se enfrentaram pelo Grupo A.
A seleção brasileira volta a jogar às 8h30 desta sexta-feira (27), contra a Argélia, em busca da liderança do grupo. Os quatro primeiros colocados se classificam às quartas de final. O Brasil está em segundo, com três pontos. O outro adversário será o Japão, às 21h de sábado.
Ciclismo Lauro Chaman, que conquistou duas medalhas nos Jogos do Rio-2016, terminou em nono lugar nos 1.000 m do contrarrelógio classe C4-5, prova que não é sua especialidade. Na mesma disputa, André Luiz Grizante ficou em 21º. Carlos Alberto Soares acabou em décimo na prova de perseguição C1 3.000 m.
Halterofilismo João França Júnior (sexto lugar na categoria até 49kg) e Lara Aparecida de Lima (sétimo lugar até 41 kg) foram os representantes do Brasil no dia.