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EsportesSátila fica sem medalha, mas sai das Olimpíadas como 1ª brasileira finalista na canoagem

Sátila fica sem medalha, mas sai das Olimpíadas como 1ª brasileira finalista na canoagem

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TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – A brasileira Ana Sátila, 25, encerrou sua participação nas Olimpíadas de Tóquio sem conquistar uma medalha na canoagem, mas há marcas a celebrar.

A mineira de Iturama se tornou a primeira brasileira finalista na canoagem em Jogos, um feito singular para o Brasil na modalidade slalom.

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Sátila entra para a história também por ter disputado a primeira competição olímpica da categoria C1 (canoa individual), que estreou nesta edição.

Após a final, a brasileira disse saber da importância de seu feito, que estava preparada mental e fisicamente para a disputa, mas afirmou ter cometido erros técnicos.

Ainda citou problemas na preparação para os Jogos, como a falta de treinador até três meses antes da competição. Ela exaltou a atuação do namorado, o francês Mathieu Desnos, também atleta de canoagem, que assumiu a missão de ser seu técnico. “Ele foi incrível”.

A brasileira chegou confiante para a final, após se classificar em terceiro na semifinal, no centro Kasai de canoagem.

Na briga pela medalha, ela cometeu erros, foi penalizada e terminou no último lugar entre as dez finalistas, com o tempo de 164.71 segundos.

A australiana Jessica Fox levou o ouro, seguida de Mallory Franklin, da Grã Bretanha, com a prata, e de Andrea Herzog, da Alemanha, bronze. Mesmo sem as penalidades, Sátila não subiria no pódio. Ficaria na quarta colocação.

“Estou muito triste, muito decepcionada, estava me sentindo tão bem antes da final. Lutei muito. A penalidade que tive foi tentando, de verdade, alcançar medalha, porque já sabia que estava longe do melhor tempo”, disse.

“Estou entre as dez dos Jogos Olímpicos, tenho que revisar e aprender e entender o que fiz de errado. Infelizmente é muito triste”, desabafou.

Sóbria após um desempenho que considerou insatisfatório, Sátila destacou que “foi muito legal” ter representado o Brasil na final em Tóquio. “Não estou feliz com o resultado, mas agora é olhar para frente e recuperar o quanto antes”, afirmou a brasileira.

Sátila disse ainda que venceu “desafios gigantes” até o Japão. “Para essa final estava me sentindo muito bem mentalmente, muito feliz, leve na largada. Me senti muito bem na água. Infelizmente veio o toque (na baliza)”, ressaltou.

A brasileira lembrou que estava sem técnico até três meses antes dos Jogos. “Infelizmente não tinha um técnico disponível”, citando que então passou a ser treinada pelo namorado.

“O erro foi meu na final. O apoio dele foi incrível. Ele me ajudou nessa parte mental a chegar preparada. A parte mais complicada é que ele deixou a vida dele de atleta para me acompanhar. Agora é olhar para frente”, disse.

Ao ser questionada sobre a desistência da ginasta americana Simone Biles de disputar a final da prova individual geral, Sátila disse que estava bem mentalmente, mas destacou a pressão que os atletas sofrem nas competições.

“Você acaba colocando o peso do mundo inteiro nas suas costas, quando na verdade você tem que conseguir ser livre, feliz, sem pensar em nada. O tempo vai passando, muitas experiências ruins, você aprende e vai tentando lidar a cada dia. Aqui foi muito difícil, a gente sofre com essa pressão o tempo todo”, contou.

“Aqui (Tóquio) estava mentalmente e fisicamente me sentindo muito bem, mas preciso analisar”, ressaltou.

A final em Tóquio é o ápice de uma trajetória que passou pela estreia nos Jogos de Londres, em 2016, com apenas 16 anos, e a maior decepção da carreira, nas Olimpíadas no Rio, em 2016, quando foi eliminada após um erro na descida. Nas duas vezes, ela competiu na modalidade K1 (caiaque).

Na canoagem slalom, o atleta rema em canoa ou caiaque por percurso em corredeira definido por balizas. Vence quem atingir o melhor tempo, evitando penalidades.

Maior referência do país na modalidade, Sátila sempre disse estar pronta e focada para levar uma medalha em Tóquio depois das experiências nos últimos anos. Em entrevista, no dia 11, no Japão, a brasileira afirmou que desembarcou no país asiático “mais confiante do que nunca”.

Além de duas Olimpíadas, ela acumula quatro medalhas em Pan-Americanos e um ouro inédito em uma etapa da Copa do Mundo, no ano passado.

A falta de medalha se somou ao choro da desclassificação na última terça-feira (27), na categoria K1, quando ela não conseguiu passar da semifinal. Foi na C1 que Sátila obteve resultados mais expressivos até aqui. Era sua principal aposta em Tóquio.

A brasileira havia se classificado em quarto lugar na classificatória de quarta-feira (28) e chegou confiante ao centro Kasai de canoagem de que poderia, enfim, levar uma medalha.

Sátila ainda enfrentou os contratempos do adiamento dos Jogos de 2020 para 2021 em razão da pandemia da Covid-19.

No período, com a ajuda do namorado e treinador francês Mathieu Desnos e da irmã Omira, ela montou, com recursos próprios, uma academia improvisada dentro de casa, em Foz do Iguaçu, durante a pandemia.

Há exatos 9 anos, então com apenas 16 anos, ela encontrou a reportagem da Folha de S. Paulo na Vila Olímpica de Londres e relatou a angústia que sentia pela distância dos pais durante aquelas Olimpíadas.

Sátila era a mais jovem integrante da delegação brasileira daqueles Jogos.

“Eu nunca tinha me separado da minha família. É muito difícil”, disse naquele ano.

Em Londres, a então adolescente Sátila foi tutelada pelo treinador, o italiano Ettore Vivaldi.

Sua saída, após os Jogos do Rio, foi um baque para a brasileira, que sempre o chamou de “segundo pai”. Vivaldi é apontado como um dos maiores responsáveis pela evolução da canoagem no Brasil.

Nascida em Iturama (MG), Sátila cresceu em Primavera do Leste (MT), onde deu as primeiras remadas na canoagem

Como mostrou a reportagem no ano passado, após os erros no Rio, sua reinvenção como atleta passou por uma transformação mental e, também, de local de treinos.

No fim de 2017, ela deixou Foz do Iguaçu, onde estava o então principal complexo de treinamentos da América do Sul, para praticar na pista utilizada na última edição das Olimpíadas, em Deodoro, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Durante esse período, foram recorrentes as conversas com a psicóloga Sâmia Hallage, a quem atribui papel fundamental para manter o foco na carreira.

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