CHIBA, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Eliminada nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio-2020, nesta terça-feira (27), a surfista brasileira Silvana Lima, 36, se emocionou ao comentar sua participação na estreia do esporte em Jogos Olímpicos.
“Estou me sentindo bem, confiante, agora com todo o suporte que estou tendo de vários patrocínios, da minha família, da minha namorada. Não estou querendo me emocionar, mas está querendo vir… [risos]”, disse a jornalistas na praia de Tsurigasaki, a cerca de 100 km da capital japonesa.
Ela ficou feliz com a possibilidade de competir em Olimpíadas já num trecho final de sua carreira como profissional, mas não descartou buscar uma segunda oportunidade em Paris-2024.
“Foi emoção de tudo, de ter competido nas Olimpíadas. O sentimento também de que não era para ter perdido nas quartas, era para chegar até a final, e de pensar em todas as pessoas que passaram energia positiva”, afirmou, segurando as lágrimas.
Para ela, estar nos Jogos representa uma oportunidade enorme para o surfe atrair apoios, principalmente no gênero feminino.
Até os 17 anos, Silvana morava em uma barraca na praia de Ronco do Mar, em Paracuru (CE), e tinha como uma de suas únicas opções de lazer o surfe. Ela pegou suas primeiras ondas com pedaços de madeira que encontrou no lixo. Entre os principais resultados de sua carreira profissional, foi vice-campeã mundial na World Surf League em 2008 e 2009.
Fora da elite do circuito nesta temporada, a brasileira aguardava ansiosamente a estreia olímpica. “É o melhor evento de todo o mundo, onde todos estão vendo e vão conhecer a modalidade. Meus irmãos passaram por preconceito de acharem que surfista é vagabundo, usa droga, e hoje [o esporte] está aqui nas Olimpíadas.”
Ela e a namorada, Juliana de Souza, se conheceram na virada de ano de 2018 para 2019 e vão se casar em breve. “Ela me ajudou muito. Quando a gente está feliz no pessoal, com uma pessoa maravilhosa que faz bem para você, tudo muda.”
Segundo contagem do site Outsports, ao menos 163 competidores presentes nos Jogos de Tóquio são abertamente gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, queer e não binários, um recorde.
Para Silvana, falar sobre sua orientação sexual publicamente pode ajudar outras pessoas. “Se a felicidade da pessoa for sair do armário, como a gente diz, saia do armário, porque vai ser a pessoa mais feliz do mundo. Sei que às vezes fica com medo de os pais não quererem aceitar, mas acho que o mais importante é a sua felicidade.”
Nas quartas do surfe feminino em Tóquio-2020, Silvana perdeu para a americana Carissa Moore. A também brasileira Tatiana Weston-Webb havia sido eliminada nas oitavas em bateria com a japonesa Amuro Tsuzuki.