SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O volante Tchê Tchê falou pela primeira vez sobre a polêmica com Fernando Diniz, na temporada passada, quando os dois estavam no São Paulo. O atual jogador do Atlético-MG afirmou ao podcast “Podpah” ter ficado com uma “raiva incontrolável”, mas preferiu não se manifestar para não prejudicar o clube, que na época disputava o título do Brasileirão.
“Não foi um negócio saudável para mim. Mano, eu fiquei com muita raiva, uma raiva incontrolável. O cara me conhecia, tinha uma ligação forte. Então acho que foi uma coisa desnecessária”, disse Tchê Tchê.
A discussão entre os dois aconteceu durante a derrota por 4 a 2 para o Red Bull Bragantino, em janeiro deste ano. Ainda no primeiro tempo, o técnico Fernando Diniz chamou Tchê Tchê de “perninha” e “mascaradinho”.
“Isso não fez mal só para mim. Eu escutar essas coisas… beleza, eu escuto, já ouvi coisa pior. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eu sei quem eu sou… Mas depois do jogo você vê a proporção que o bagulho tomou, você chegar em casa todo mundo mal, seu pai te ligar chorando. É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante, não sou uma pessoa que ninguém pode falar comigo que eu vou virar de cara de feia”, prosseguiu Tchê Tchê.
O São Paulo liderava a competição na época do desentendimento. A equipe, no entanto, caiu de rendimento e terminou o torneio na quarta colocação, cinco pontos atrás do campeão Flamengo.
Como o UOL Esporte mostrou na época, o acontecimento mudou o ambiente do São Paulo. O técnico Fernando Diniz chegou a se desculpar com Tchê Tchê pelo ocorrido. Segundo o volante, o treinador queria que ele pedisse desculpas à família por Diniz. “Mano, eu não vou chegar e eu pedir desculpas por ele”, disse.
Durante a conversa, Tchê Tchê disse ter esperado por um respaldo da diretoria, que não aconteceu. “Eu não me sentia à vontade, ninguém me protegeu no clube. Ninguém tomou a frente do bagulho”.
Confira a declaração completa de Tchê Tchê:
Quando aconteceu tudo, a gente estava numa fase brigando por título, então a escolha que eu fiz foi deixar a instituição falar mais alto do que eu, o Tchê Tchê, ou o Diniz. E a gente estava disputando um título que fazia tempo que não ganhava.
Foi um bagulho que me deixou mal, por isso até hoje eu não tenha falado. E vai ser a primeira e a última vez que eu vou tocar nesse assunto.
Eu fui criado de uma maneira de sempre respeitar a pessoa, nunca faltei com respeito, nunca xinguei ninguém. Tanto que no episódio eu poderia ter virado e xingado, e eu não fiz isso. Eu simplesmente mantive a minha postura, que é a que eu tenho no meu dia a dia.
Isso não fez mal só para mim. Eu escutar essas coisas… beleza, eu escuto, já ouvi coisa pior. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eu sei quem eu sou…
Mas depois do jogo você vê a proporção que o bagulho tomou, você chegar em casa todo mundo mal, seu pai te ligar chorando. É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante, não sou uma pessoa que ninguém pode falar comigo que eu vou virar de cara de feia.
Só que, mano, ele foi mal naquilo. Tanto é que depois a gente conversou. Eu não me sentia à vontade, ninguém me protegeu no clube. Ninguém tomou a frente do bagulho.
Simplesmente foi: “ah, aconteceu. É o pai dele”. Eu não tenho pai nenhum no futebol. Eu fiz o bagulho acontecer desde o início, ninguém fez favor para mim. Ninguém me coloca para jogar, eu não visto a camisa dos clubes que eu visto porque eu sou bonito. Eu fiz o bagulho acontecer real. Eu e quem está do meu lado desde o começo.
Por isso que eu não pago pau para ninguém. Ninguém me ajudou em nada, ninguém me deu nada, ninguém fez nada por mim.
O episódio eu fiquei sem entender. Eu só questionei o cara. Tipo, eu não posso te perguntar? E daí o cara já virou falando um monte de coisa, mano. Eu falei “parça, tem nada a ver isso aí”. Tanto é que depois a gente conversou. E na época as coisas não ficaram legais. Mas eu falei: eu não vou me posicionar.
Eu esperei que alguém falasse por mim. O bagulho tomou uma proporção que qualquer lugar que as pessoas vão comentar alguma coisa é “ah, o perninha”. Não tem perninha, tio. Eu não sou perninha. Eu tenho uma postura da hora seja onde for: aqui, na rua, onde todo mundo me conhece.
E foi um bagulho que não pegou bem, mano. Não pegou bem para mim, para a minha esposa, para a minha família. E era uma pessoa que conhecia a minha família. Tanto é que ele pediu depois para que eu pedisse desculpas para a minha família. Mano, eu não vou chegar e eu pedir desculpas por ele.
Na época ele poderia ter ido e falado que foi mal. E as coisas simplesmente foram rolando. E eu não me posicionei para não parecer que… eu não queria ficar marcado por isso. Do tipo: ele arrumou uma briga com o treinador, os caras perderam o título e foi por esse motivo.
Esperei passar. Tanto é que até hoje… é a primeira e última. Vocês não vão me ouvir falar mais.
Não foi um negócio saudável para mim. Mano, eu fiquei com muita raiva, uma raiva incontrolável
O cara me conhecia, tinha uma ligação forte. Então acho que foi uma coisa desnecessária.