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EsportesTécnico brasileiro ajuda República Dominicana a mudar história do vôlei no país

Técnico brasileiro ajuda República Dominicana a mudar história do vôlei no país

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TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Há 13 anos, o paulistano Marcos Kwiek, 54, trocou o cargo de auxiliar-técnico de José Roberto Guimarães na seleção brasileira por uma oportunidade na República Dominicana.

A Federação Dominicana de Voleibol resolveu romper com a tradição de apostar em técnicos cubanos e, motivada pelas conquistas do Brasil, convidou Kwiek para o cargo.

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“Fui para receber a metade em comparação ao meu salário no Brasil, mas via uma oportunidade fantástica de uma carreira internacional. Com a seleção, eu teria chances de competir no Grand Prix e brigar para ir às Olimpíadas”, diz o treinador à reportagem

A princípio, o projeto teria duração de quatro anos. Ele já pensa além. “Vamos até os Jogos de Paris-2024”, diz Kwiek.

Com 10 milhões de habitantes, o país caribenho tem o beisebol como esporte nacional, e o vôlei por vezes fica escanteado. A seleção não possui centro de treinamento e, para praticar, recorre a uma quadra pública. É preciso às vezes desmarcar um treino porque o local abrigará uma atividade política ou cultural.

“Vira e mexe a gente se depara com o fato de não ter onde treinar. Também, como é aberto, as pessoas passam pela quadra enquanto estamos trabalhando”, afirma o treinador.

Logo no início, o brasileiro avaliou que deveria fazer uma renovação no elenco do time principal e dar oportunidades para atletas das categorias de base. Em 2009, a equipe sub-20 conquistou uma inédita medalha de prata no Campeonato Mundial.

“A seleção adulta estava envelhecida, e as atletas tinham baixa estatura. Mas tinha potencial nas categorias, o que nos possibilitou diminuir a idade do time, aumentar [a altura] e explorar uma gama de atletas.”

Ao longo da década, a modalidade cresceu no país. Em 2014, na Itália, a seleção obteve a sua melhor posição, o quinto lugar no Campeonato Mundial –até então, havia alcançado apenas uma 12ª colocação na edição de 1998, realizada no Japão.

Nas Olimpíadas de Londres-2012, as dominicanas chegaram às quartas de final, mas foram eliminadas pelos Estados Unidos.

“O voleibol, hoje, auxilia na transformação social do país, onde o machismo é ainda muito forte, e a mulher quase não tem espaço”, afirma o treinador.

“Temos um projeto com crianças a partir dos oito anos de idade até a categoria adulta, que precisam estudar para aprender a jogar voleibol. A gente vê as meninas querendo ser a Brenda [Castillo], a Bethania [De La Cruz]”, diz, lembrando de duas jogadoras locais populares no esporte.

O projeto social é mantido pela federação dominicana e, segundo o técnico, reúne quase 500 pessoas.

Entre as 12 convocadas para representar a República Dominicana nos Jogos de Tóquio, a líbero Brenda e as irmãs Brayelin e Jineiry Martinez atuaram na Superliga brasileira deste ano. Brenda jogou pelo Bauru, e as irmãs Martinez, pelo Praia Clube —ganharam pelo time o vice-campeonato.

A partida no Japão, programada para terça (27), será somente a segunda da temporada. Na Liga das Nações, em Rimini, na Itália, o Brasil levou a melhor por 3 sets a 0 (25/20, 25/13 e 25/17).

“O time brasileiro não é dos melhores tecnicamente, nunca são as mais fortes, as mais altas. Mas estão sempre em primeiro porque têm jogadoras fantásticas, e o Zé [Roberto] faz um trabalho excepcional”, diz o técnico, que rasgou elogios ao rival.

“O Zé foi quem me abriu as portas do alto rendimento, é a minha referência, e jogar contra o Brasil é sempre um aprendizado”, diz Kwiek.

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