SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Bahias e a Cozinha Mineira lançam nesta sexta-feira (31) seu mais novo projeto. “Tarântula” é o terceiro álbum do grupo formado em 2011 e composto por Assucena Assucena, 30, Raquel Virginia, 30, e Rafael Acerbi, 27.
“É um disco, que marca um processo de profissionalização intenso da banda com um time dos sonhos. É uma nova fase”, conta Raquel em entrevista à Folha de S.Paulo.
Em dez canções – ou “crônicas”, como descreve Rafael – o grupo fala sobre o desgaste do amor, política, resistência, solidão e outros temas. O primeiro single, “Das Estrelas”, lançado em janeiro deste ano, já indicava o tom eclético, doce e político do novo álbum.
“São três vozes e compositores diferentes, então apontamos para pontos diferentes. As Bahias e a Cozinha Mineira sempre tiveram essa coisa tarantulesca, de ser bem diversa. Inclusive, temos o Rafael cantando pela primeira vez nesse disco”, adianta Assucena.
O cantor marca sua estreia com a música “Volta”, que fala sobre o desgaste natural de uma relação. Até então, o trio combinava que as canções de Assucena e Raquel deveriam ter maior visibilidade. “Minha figura branca, de homem, tinha que ser trabalhada na minucia. É uma coisa delicada”, diz Rafael.
Raquel acrescenta: “O Brasil é conhecido como o país da mistura, mas ele nunca se mistura. E essa é uma mistura nossa: colocar o Rafa nesse lugar de protagonismo como o nosso, é um exemplo de como fazemos arte e nos solidarizamos um com o outro”.
Outra novidade do álbum é “Tóxico Romance”, música descrita como “sutilmente safada” e que traz a parceria com o rapper Projota. Segundo Raquel, o grupo já buscava um caráter do “rap mais pop” para fazer parte da canção criada por eles. Projota, como um “hitmaker” e um cantor popular, demonstraria essa possibilidade de diálogos entre estilos. “E acho a voz dele muito sedutora”, acrescenta ela.
Depois de Daniela Mercury, Elza Soares e outros cantores, o grupo ainda tem vontade de gravar com músicos de diferentes estilos musicais. Ivete Sangalo, Milton Nascimento, e Ludmilla foram alguns dos nomes lembrados pelo trio. “No Brasil, ainda bem, não falta talento”, diz Raquel. No campo internacional, o grupo cita como referências o belgo Stromae e a britânica Amy Winehouse, que morreu em 2011.
Ainda no repertório do novo disco, “Fuça de um Fuzil” faz uma ironia com a canção “Águas de Março”, de Tom Jobim, enquanto “Pipoco e Pipoca” fala sobre a sociedade de espetáculos, onde “pessoas assistem desumanidades comendo pipoca”, com referências à vida das travestis.
O nome do álbum também remete à Operação Tarântula, uma ação policial feita pela ditadura militar em 1987, que perseguiu mais de 300 travestis dizendo que, assim, preveniria o HIV. Mas, além desse significado, “tarântula”, para o trio, traduz a energia feminina e a fertilidade da aranha que tece sua própria rede.
“A palavra ‘Tarântula’ foi ganhando vários significados enquanto fomos associando-a às canções que não necessariamente falavam com esse viés da operação Tarântula. A aranha passa pelo processo de troca de esqueleto e de sexo, por exemplo. E em diversas culturas, ela é vista como uma força feminina muito forte”, diz Rafael.
Raquel completa: “Tem todo um jogo de simbologia. A tipografia do disco deveria parecer manchetes de jornal, de ‘procura-se’. O vermelho e o amarelo também são as cores que mais chamam a atenção […] Abraçamos muito essa ideia porque gostamos de fazer discos; cada vez faço com mais prazer e mais empenho. Sou apaixonada pela ideia de pensar no álbum, seu conceito e sua estética”.
O lançamento vem acompanhado de três videoclipes: “Volta”, “Carne dos Meus Versos” e “Shazam Shazam Boom”, que estarão disponíveis por volta das 12h. As músicas mesclam MPB, samba e pop.
“Estamos numa fase onde podemos ter músicas dançantes, mas sempre vamos ter essa liberdade de construir outras coisas. É uma postura que sempre quisemos ter”, diz Assucena.
Segundo Raquel, a nova postura sugere amadurecimento e consegue levar o grupo a novos públicos: “Entramos numa fase de maior lapidação, em que conseguimos chegar em musicalidades que vínhamos tateando”.
Agora, o trio se prepara para uma turnê que deve ocorrer no segundo semestre de 2019, ainda sem detalhes divulgados. “Vai ser um show de rock’n roll e pop romântico”, adianta Raquel. “Com mais vibração e, com certeza, enérgico”, completa Assucena.
Se depender do trio, os fãs também podem esperar por mais trabalhos em breve. “Por mim, eu lançava um disco por mês”, brinca Raquel.
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As Bahias e a Cozinha Mineira lançam 3º disco e parceria com Projota
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