SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jay Park, 34, rebateu nesta quarta-feira (16) as acusações de apropriação cultural após a publicação na segunda-feira (14) de um remix do hit “DNA”, de Kendrick Lamar. O clipe mostrava outros rappers usando tranças afro e dreadlocks.
O cantor americano de origem coreana afirmou que, por conselho de sua equipe, não vai mais divulgar a música. Porém, afirmou que não tem como mudar outras pessoas. “É assim que os caras do hip-hop são na Coreia”, afirmou.
Em texto publicado na internet, ele falou sobre a influência das culturas negra e latina em sua música. “O hip-hop nos faz sentir livres e empoderados”, afirmou. “Nos dá oportunidade para que a nossa voz seja ouvida e para nos expressarmos de uma forma que a sociedade não considera adequada.”
“Nós não tiramos as melhores notas, não fomos para a faculdade e não somos médicos ou advogados, então isso nos dá um sentimento de pertencimento e valor”, prosseguiu. “Nos dá esperança e motivação para que possamos mudar nossa situação se colocarmos nossos corações e mentes nisso e se pudermos fazer algo do nada.”
Ele continuou com sua defesa. “Muitos de nossos heróis são rappers negros e não apenas pela estética, mas por sua mentalidade em superar as adversidades e ser orientado por objetivos, sem se importar com o que as outras pessoas pensam e ou com quem pode duvidar de você”, disse. “Portanto, é natural que queiramos ser como eles até certo ponto.”
“Ter um determinado penteado ou visual nos dá confiança e inspiração e nos faz sentir como astros do rock e é porque o que vemos e ouvimos parece natural para nós”, afirmou. “Também é porque pensamos tanto no hip-hop e nas estrelas do hip-hop que somos tão influenciados por eles e alguns de nós crescemos em um bairro negro ou em um grupo de amigos negros no exterior, então ser inspirado e influenciado é algo natural.”
“Queremos ser negros? Não”, continuou. “Apesar de sermos amigos e influenciados pela cultura negra e amá-la e apoiá-la fortemente, temos orgulho de ser coreanos e não trocamos isso por nada no mundo. Podemos nos relacionar com a luta dos negros? Não, mas existem certos elementos com os quais podemos nos relacionar e nos identificar.”
“Cada país, cada cultura, cada pessoa tem algum tipo de dor ou luta em sua vida”, avaliou. “Não há outro gênero que retrate isso de forma tão honesta quanto o hip-hop. Se eu acho que é certo rappers coreanos usarem dreads? Posso não concordar necessariamente com isso, mas quem sou eu para dizer para alguém não fazer isso. Só porque eu não concordo com algo que eles estão fazendo, não significa que eu não possa apreciá-los como pessoas e como artistas.”
“Se você analisar, provavelmente temos mais coisas em comum do que parece”, comparou. “E só porque você conhece a Coreia por causa do k-pop e dos k-dramas não significa que tudo é simplesmente elegante e suave por aqui. Eu não vou entrar em detalhes, mas o povo coreano teve que lidar com muitas coisas desumanas em nossa história e teve que lutar para caralho para obter tanto reconhecimento porque há pouco tempo, a maioria das pessoas nem sabia onde ficava a Coreia.”
Por fim, ele comentou: “Vocês precisam saber que existem pessoas piores do que jovens rappers coreanos com dreads tentando fazer algo por si mesmos por meio do hip-hop”. “Não somos nós que estamos tentando minimizar a cultura negra e pautas negras”, disse. “Estamos aqui para espalhar o amor e elevar as pessoas ao nosso redor com o que a cultura negra criou.”