Renovação e transmutação foram palavras obsessivamente repetidas na seleta coletiva de imprensa para o lançamento das torres residenciais do novíssimo Rosewood Hotel.
Na sala, o empresário e empreendedor francês Alex Allard e dois dos maiores nomes da arquitetura e do design mundial: Philippe Starck, o badalado arquiteto e designer francês, mundialmente conhecido por seu universo de criações no design industrial, e Jean Nouvel, ganhador do Oscar da arquitetura, o prêmio Pritzker.
Para Allard, a criatividade e a economia verdes podem fazer do Brasil líder de um novo movimento mundial, para o qual ele convida esses dois importantes nomes da arquitetura.
O empreendimento no Brasil é apenas uma das pontas de uma estratégia inspirada na história do rei François Premier e no renascimento francês, quando artistas, como o italiano Da Vinci, foram convidados para realizar obras no país trazendo grandes mudanças culturais. Allard fala sobre o “olhar estrangeiro”, sem ideias preestabelecidas, um olhar de ruptura com relação a tradições.
Quem espera nesse olhar de três franceses uma volta ao começo do século quando São Paulos se inspirava na arquitetura europeia, se engana. A ideia é olhar o Brasil de hoje, suas potencialidades e construir com recursos e talentos nacionais uma nova visão de arquitetura e design.
O confronto entre o olhar de Nouvel e a arquitetura italiana da Maternidade Matarazzo, que como ele mesmo diz, “é charmosa, mas estava esquecida e coberta de uma natureza já livre pelo tempo”, teria de compor com o que ele chama de “guia” para arquitetura mundial no século 21: “Transformar, retrabalhar e transmutar, frequentemente em condições difíceis, o que já está feito. Não colocar abaixo e demolir, mas trabalhar em algo que já existe, enriquecido pelo olhar do novo artista, transformador e que reconcilia o construído com o novo momento da cidade e da cultura local”.
Com a construção a ser finalizada em dois anos, o complexo Cidade Matarazzo nasce como um marco para a cidade. A poucos metros da Avenida Paulista, o empreendimento, quando completo, irá se estender por um terreno de 30 mil m² com dez edifícios tombados que pretendem conviver em harmonia com o futuro. A empreitada contempla um hotel, o recém-inaugurado Rosewood, residências privadas, lojas, restaurantes, bar, uma capela e espaços verdes – com 10 mil árvores plantadas e 500 espécies de borboletas.
A sustentabilidade é um dos grandes pilares do complexo e ponto central no trabalho de Nouvel. O arquiteto é responsável por obras como o Museu Nacional do Qatar, que foi o primeiro do mundo a receber simultaneamente a certificação Leed Gold – um dos selos sustentáveis de maior reconhecimento no mundo da arquitetura – e quatro estrelas no Sistema Global de avaliação sustentável. No Complexo Matarazzo é Nouvel quem assina a Torre Mata Atlântica, prevista para ser finalizada até o final deste ano, um edifício que vai conter 250 árvores de até 14 metros de altura.
Além do impressionante edifício, o complexo como um todo se baseia em conceitos eco-friendly. Prioriza a utilização de matérias-primas locais e reaproveitáveis, se comprometeu a usar 100% de energia renovável dentro de um ano e no hotel, por exemplo, não há plástico de uso único e existe um sistema interno de filtragem para produzir água engarrafada em vidro para consumo dos hóspedes.
DESAFIOS. O interior do empreendimento desafiou Starck, que realizou sua curadoria com intensa pesquisa pelo Brasil. De obras de arte, aos mármores coloridos de diversas jazidas brasileiras, passando por móveis ou pequenos objetos de banheiro, tudo foi criado e realizado por artistas e designers brasileiros.
Starck define o Cidade Matarazzo como uma Bela Adormecida: “Quando me deparei com a maternidade, a capela, tudo adormecido, coberto por jardins esquecidos, mas cheio de energia de vida, me tornei um protetor fiel desse espaço e fiz tudo para manter sua alma e despertá-la novamente”, diz com entusiasmo. A empreitada está só começando!
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.