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Lazer e CulturaLivro de fotografias mostra os bastidores da MPB e a intimidade de seus astros

Livro de fotografias mostra os bastidores da MPB e a intimidade de seus astros

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Fafá de Belém toma um café. Gal Costa expõe o umbigo. Maria Bethânia nada na piscina de sua cobertura. Do sofá, Maysa lança olhar melancólico para a janela. Raul Seixas está de óculos caídos no meio do nariz. Clementina de Jesus tem um jornal nas mãos. Zizi Possi acalanta a filha Luiza. Caetano Veloso retira a pena de pavão de um vaso e a leva ao rosto. Angela Ro Ro energiza um copo de cachaça e zomba de sua fama de beberrona.

Os retratos de Thereza Eugênia existiam antes do clique. Nasciam da intimidade, de sua observação contínua do cotidiano de artistas, do repetido olhar sobre rugas e expressões. Sua mente processava todas essas experiências antes de a câmera ser invadida pela luz natural.

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Aos 81 anos, Thereza Eugênia reúne suas mais célebres fotografias de estrelas da música popular no livro “Portraits 1970-1980”, organizado por Augusto Lins Soares. Quem as vê não imagina que sua autora era enfermeira e saía do hospital para registrar a vida de estrelas.

Nascida em Serrinha, no sertão baiano, ela cursou enfermagem em Salvador e se mudou para o Rio de Janeiro em 1964. Iniciou-se na fotografia de palco nos shows “Comigo me Desavim”, de Maria Bethânia, em 1967, e Roberto Carlos no Canecão, em 1970.

Nesse ano, o rei Roberto se empolgou com uma de suas fotos e decidiu estampá-la na capa de seu disco. A partir desse batismo, o trabalho de Eugênia figuraria nas capas dos LPs “Drama 3º Ato” (1973), de Bethânia, “Temporada de Verão” (1974), de Gal, Caetano e Gilberto Gil, “Gal Canta Caymmi” (1976) e “Chama” (1981), de Joanna.

No Teatro Tereza Rachel, em 1971, ela circulava todas as noites na plateia do show “Gal a Todo Vapor”. A imersão era um método. “Como frequentava o show milhares de vezes, eu sabia o melhor momento. Por exemplo, Gal descendo a escada. Ou Gal com os braços pra cima”, explica a fotógrafa apelidada de “Thereza Ingênua” pelo poeta Waly Salomão.

Guilherme Araújo, empresário dos tropicalistas, a aproximou de Caetano, Gal, Elza Soares e Raul Seixas, artistas de sua produtora. Em seu livro, Araújo é um personagem fixado em ocasiões festivas. Outro ponto de aproximação com os retratados era a praia de Ipanema, nos tempos das Dunas do Barato. “Eu não levava minha máquina. Eu saía do hospital e ia tomar banho de mar. Como eu tinha acesso à casa deles, não precisava fotografar na praia.”

Em 1979, no Parque Lage, ela afirmou a uma fotógrafa americana que não tinha uma técnica, mas logo foi corrigida. “Você é intuitiva e suas fotos têm senso de intimidade”, disse-lhe a professora.

Ao avaliar seu trabalho, Eugênia não mobiliza conceitos, mas, acima de tudo, memórias de encontros e amizades. “Eu gosto muito do que faço. Sou muito obsessiva. Sempre procurei fazer a imagem da cara da pessoa como eu sentia. A fotografia sempre me deu prazer. Eu fotografo porque gosto. Só isso.”

Miro e Antônio Guerreiro foram suas maiores referências artísticas. “Miro fazia foto granulada. Eu fiz foto com grão inspirada nele. Guerreiro ficava só no estúdio e dizia que não sabia fotografar em ambiente externo. Ele tinha uma luz única.”

Sua câmera Pentax registrou mudanças na postura pública de artistas, na virada para a década de 1980,

quando os semideuses passaram a se cercar de muros e assessores, levando ao cotidiano as transformações econômicas da música popular.

“Eu fiz fotos da intimidade nos anos 1970. Nos anos 1980, eu tenho mais de palco. Nos anos 1970, os artistas eram menos famosos. Nos 1980, eles passaram a ficar mais profissionais e formais”, ela conta. “Eles agora são reservados. Eu era a selfie deles. Hoje o artista não pode sentar no restaurante e já querem fazer selfie.”

Thereza Eugênia se divide entre dois conjugados no Rio. Em um deles, lava roupas e cozinha; noutro, dorme, telefona e se diverte. Em suas andanças, e também no Instagram, cultivou a amizade de artistas mais jovens, dentre elas as cantoras Illy e Letrux e a percussionista Lan Lanh.

Com seu celular, gosta de fotografar as paisagens naturais do Rio. Até nessas horas não lhe falta intimidade. Ela enquadra o mar e as montanhas como se fossem o rosto de um artista.

THEREZA EUGÊNIA: PORTRAITS 1970-1980

Preço: R$ 98 (192 págs.)

Autor: Thereza Eugênia

Editora: Barléu

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