A partir de hoje (4), Piracicaba e todo o Brasil passarão a aplicar a dose única da VIP (Vacina Injetável contra a Poliomielite) como reforço, substituindo a VOP (Vacina Oral contra a Poliomielite), conhecida como “gotinha”. Embora o país tenha erradicado a doença em 1989, a nova medida busca reforçar a proteção das crianças e fortalecer a imunização contra a paralisia infantil. Segundo o Ministério da Saúde, a mudança é especialmente importante em um cenário em que, em 2023, o Brasil foi classificado como de alto risco para a reintrodução do vírus.
Com isso, a secretaria de Saúde de Piracicaba implementará o novo esquema a partir da próxima segunda-feira, com a aplicação de uma dose única da VIP para crianças aos 15 meses de idade. Esta vacina injetável, que já fazia parte do esquema primário, será administrada em todos os 68 centros de saúde da cidade (veja aqui todos os endereços).
Para a imunização, os pais devem levar as crianças com caderneta de vacinação e um documento de identificação com foto, cartão Pira Cidadão ou Cartão Nacional do SUS.
Como fica o esquema de vacinação da pólio?
No esquema de vacinação contra a poliomielite no Brasil, as primeiras três doses aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida sempre foram da vacina injetável. Já as doses de reforço, administradas aos 15 meses e aos 4 anos de idade, tradicionalmente eram feitas com as “gotinhas”.
A partir de segunda-feira, essa abordagem mudará: a dose de reforço aos 15 meses passará a ser feita com a VIP, substituindo a gotinha. Além disso, a dose de reforço aplicada aos 4 anos não será mais necessária. Com essas quatro doses (três iniciais e um reforço com VIP), será garantida a proteção necessária contra a pólio.
Por que houve essa mudança na vacina?
De acordo com o Ministério da Saúde, a alteração está alinhada com uma tendência mundial de utilização da VIP, composta por partículas do vírus, em detrimento da versão oral, produzida com o vírus atenuado.
Segundo o médico infectologista Fernando Chagas, um dos benefícios da substituição é que mais pessoas podem receber a vacina injetável. Por ser um imunizante que não utiliza o vírus vivo atenuado, mesmo indivíduos com imunodeficiência podem ser vacinados.
Outra questão importante para a troca do tipo de vacinação é a transmissão ambiental, afirma Silvia Nunes Szente Fonseca, médica pediatra e infectologista. Por se tratar de um produto oral, uma parcela do vírus atenuado presente na VOP é eliminada nas fezes das crianças vacinadas, disseminando o chamado “vírus vacinal da poliomielite”.
No passado, essa eliminação pelas fezes foi importante por colocar a população em contato com o vírus enfraquecido em locais onde não havia saneamento básico, incentivando a produção de anticorpos nesses indivíduos. O problema é que, em casos raros, pode haver mutação do vírus no ambiente, desencadeando a doença.
“A vacina injetável, em que o vírus é inativado, elimina o risco de mutação do vírus no ambiente”, diz Silvia.
Outro aspecto positivo é a simplificação do esquema vacinal. Com a mudança, todas as doses da vacina serão injetáveis. As três primeiras doses, que já eram da VIP, continuam sejam dadas aos 2, 4 e 6 meses de idade e, aos 15 meses, as crianças receberão uma dose de reforço, agora injetável, no lugar da gotinha.
A segunda dose de reforço, que anteriormente era administrada de forma oral aos 4 anos, não será mais necessária.
“A vacina foi potencializada, então a vacina por injeção não necessita de segunda dose de reforço”, diz Chagas.
Cobertura vacinal e importância da atualização
Piracicaba tem enfrentado dificuldades para atingir a meta de 95% de cobertura vacinal nos últimos anos. Em 2024, até o momento, a cobertura vacinal na cidade é de 86,08%.
A secretaria de Saúde reforça que é essencial que os pais ou responsáveis mantenham as cadernetas de vacinação em dia.
*Com informações da Agência Estado
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