A maior mortandade de peixes do rio Piracicaba aconteceu há um mês, mas para os pescadores atingidos pelo crime ambiental o pesadelo está longe de acabar. Os trabalhadores estão enfrentando dificuldades até para a retirada de cestas básicas, além de obstáculos para vender os peixes que ainda conseguem pescar. Em um trecho de cerca de 70 quilômetros do manancial foram aproximadamente 253 mil peixes mortos, afetando a abundância do rio (leia mais abaixo).
“Agora, tem que descer o rio mais uns 20 quilômetros. Afetou muito. Pegamos cerca de 20 quilos de peixes. Mas, tinha dia que pegávamos 100. O gasto é mais alto também, cerca de 15 ou 20 litros de gasolina. Antes, eram cinco ou seis litros para seguir com os barcos“, afirma o pescador Paraná sobre os prejuízos.
Além da burocracia para conseguir pegar as cestas básicas e da falta de peixes, os trabalhadores enfrentam ainda a resistência de clientes, temerosos em consumir o produto após o crime ambiental no rio.”É ruim de vender, mesmo quando explicamos que os peixes são de áreas mais de baixo que não foi afetada. O povo não quer saber“, declara o pescador Nivaldo Albino Siqueira.
Cesta básica
O pescador Gian Carlos reclama da burocracia para se cadastrar e poder retirar o benefício. “Depois da mortandade, ficou definido que teria um auxílio emergencial, mas o que houve de momento foi uma cesta básica até o fim deste ano. Precisei fazer dois cadastros, passar pelo CRAS da Vila Rezende para conseguir retirar esse vale nesta quarta-feira“, relata.
Já a Prefeitura informou que se reuniu com os trabalhadores e que por enquanto há cerca de 15 cadastrados, mas que o trabalho de registros continua. Ainda de acordo com a Administração, a distribuição das cestas começará a partir de amanhã (8). A Prefeitura declarou ainda que ajudará os pescadores a participar de programas sociais como o Bolsa-Família, do governo federal.
Relembre o caso da maior mortandade de peixes do rio
A mortandade dos peixes no Rio Piracicaba começou em 7 de julho. Uma semana depois, atingiu a APA (Área de Proteção Ambiental) do Bairro Tanquã – tida como o minipantanal paulista e santuário de 735 espécies de animais.Especialistas em meio ambiente estimam que a recuperação da população de peixes levará cerca de nove anos.
De acordo com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a responsável pelo crime ambiental é a Usina São José S/A de Açúcar e Álcool, de Rio das Pedras, que despejou resíduos agroindustriais no rio. A empresa foi multada em R$ 18 milhões, mas cabe recurso.
A companhia segue operando normalmente e alega que não é responsável pela morte dos peixes. Diz ainda que a causa é desconhecida. O caso também é investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
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