Depois de mais de 50 toneladas de peixes morrerem no rio Piracicaba nas últimas semanas, uma nova mortandade foi identificada nesta segunda-feira (22). Desta vez, os animais foram encontrados em um trecho próximo da Rampa dos Pescadores na Avenida Beira Rio, e a suspeita é de que a causa seria decorrente do descarte do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) de Piracicaba, que nega a relação (veja mais abaixo).
O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) investigam o caso e um boletim de ocorrência foi registrado.
A Cetesb afirmou que fez vistoria no local e acompanha o caso desde a noite de ontem. Segundo a agência fiscalizadora, o rio Piracicaba apresentou baixos níveis de oxigênio dissolvido na água, o que pode ter causado a morte dos peixes.
“Durante a madrugada de hoje (23), técnicos realizaram uma vistoria, coletando amostras de água e de peixes no local. Além disso, uma inspeção foi feita na Estação de Tratamento de Água Luiz de Queiroz, do Semae, onde foi constatado o lançamento irregular de efluentes. Novas amostras desses efluentes foram coletadas para análise. Assim que a análise dos laudos for concluída, a Companhia Ambiental adotará as medidas administrativas necessárias”, concluiu em nota.
O que diz o Semae?
O Semae informou que o material que chegou ao Rio Piracicaba é resultado da operação de tratamento de água, que não altera a oxigenação no manancial e, por isso, não causou a mortandade dos peixes. Veja a nota completa:
O Semae informa que o material que chega ao rio Piracicaba é resultado da limpeza dos filtros e decantadores da ETA Luiz de Queiroz. Esse material é resultado da operação de tratamento de água, necessária para o abastecimento de 30% do município de Piracicaba.
O Semae colheu amostras da água do rio Piracicaba e, após análises, não foram constatadas mudanças na oxigenação, portanto, o fato não causou a mortandade dos peixes.
A Prefeitura reforça que é imprescindível a continuação dos serviços da ETA para garantir o abastecimento de toda a população de Piracicaba. Diante disso, informa que será solicitada à Cetesb e ao Ministério Público uma reunião para solução do caso em conjunto.
A nova mortandade tem relação com a do Tanquã e da zona urbana do Rio Piracicaba?
Segundo o promotor de Justiça do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do MP, Ivan Carneiro Castanheiro, a nova mortandade identificada nesta segunda-feira é um fato distinto dos casos anteriores, sendo decorrente de resíduos lançados em ponto chamado “Rego da Boyes”, que fica a cerca de oito quilômetros de distância de ocorreu o primeiro flagrante em julho.
“É importante ressaltar que são ocorrências distintas. Desta vez há indícios de que foi decorrente de um descarte da autarquia Semae pelo esvaziamento de um tanque utilizado no processo de tratamento de água para abastecimento público”.
Nos últimos dias 7 e 15 de julho, pontos do rio na região da Rua do Porto e do Tanquã, área de proteção ambiental conhecida como pantanal paulista, foram atingidos pela morte de toneladas de peixes.
Pelo crime ambiental, a Usina São José S/A Açúcar e Álcool, de Rio das Pedras, foi multada em R$ 18 milhões. A empresa é apontada pela Cetesb como a única responsável pela morte dos animais nas duas mortandades anteriores.
A usina alega que não é responsável pelas mortes dos animais e que as causas são desconhecidas. Ao MP-SP (Ministério Público), a empresa admitiu que houve um vazamento de resíduos agroindustriais ocorrido após rompimento de tubulações, mas que a quantidade do material extravasado não seria suficiente para provocar a morte dos animais nos mananciais.
“A empresa esclarece ainda que adota as melhores práticas do ponto de vista ambiental e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público”, diz a empresa.
*Com informações de Edijan Del Santo/EPTV Piracicaba
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