A operação Pindi-Pirá já retirou 70 toneladas de peixes mortos, plantas aquáticas e lixo da região do Tanquã do rio Piracicaba, segundo balanço divulgado na tarde desta segunda-feira (22) pela Prefeitura. Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), este é o pior caso de crime ambiental já ocorrido no rio (leia mais abaixo).
Na sexta-feira (19), primeiro dia da limpeza, foram recolhidas 12,1 toneladas; no sábado (20), 12; e no domingo, o total recolhido chegou a 36 – de acordo com a Administração. A Defesa Civil de Campinas também está apoiando os trabalhos no local.
O material está sendo levado para o aterro da cidade pela empresa Ambiental – terceirizada responsável pelo lixo da cidade. Equipes da Defesa Civil de Campinas e de Santa Bárbara d’Oeste têm dado apoio com recursos humanos e drones.
A limpeza
A limpeza é feita com dois hidrotratores (tratores aquáticos) e mais de dez embarcações menores. Além disso, conta com escavadeira e retroescavadeira. Já em alguns pontos, é possível fazer a recolha manual.
Os hidrotratores coletam os peixes maiores e os jogam em uma embarcação de areia. Na sequência, os animais são retirados da embarcação com uma retroescavadeira que os coloca em caminhões da empresa terceirizada da Prefeitura, que os leva para o Aterro Sanitário.
Já os peixes pequenos são retirados manualmente, colocados nas embarcações pequenas e seguem o mesmo destino.
Responsabilidade pela morte dos peixes
De acordo com a Cetesb, esta é a pior mortandade de peixes já ocorrida no Rio Piracicaba devido a agentes externos.Ainda segundo a companhia, a responsabilidade é da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, de São Pedro, que derramou melaço de cana de cana no rio. A empresa foi multada em R$ 18 milhões, mas pode recorrer.
Além da Cetesb, o Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) investiga o caso. O inquérito civil foi instaurado no último dia 18 e tem como objetivo dimensionar os danos ambientais causados.
O outro lado
Em nota enviada à imprensa nesta segunda-feira (22), a empresa segue negando que seja responsável pelo caso.
Afirma que “a execução dos serviços de limpeza pela Usina São José não quer dizer, nem implica, em assunção de culpa ou responsabilidade pelo ocorrido, visto que a empresa cumpre toda a regulamentação ambiental e aplica as melhores práticas de preservação e sustentabilidade nas suas operações. Tal decisão leva em conta o dever de defender e preservar o Meio Ambiente, a boa-fé da empresa e o seu compromisso em atender às normas, licenças ambientais e protocolos de controle”.
Em um comunicado anterior, enviado na sexta-feira (19), disse que segue à disposição das autoridades e “não poupa esforços para colaborar plenamente“.
Relembre o caso dos peixes
A mortandade começou a ser identificada no último dia 7 de julho, com o aparecimento dos primeiros peixes mortos perto da Rua do Porto. A extensão do crime ambiental, entretanto, apareceu uma semana depois, com a concentração de milhares de peixes mortos no Tanquã.
Segundo investigações da Cetesb, o derramamento do melaço de cana por parte da usina gerou um aumento de bactérias na água, que consumiram o oxigênio do rio, gerando a mortandade dos peixes. De acordo com especialistas em meio ambiente, a recuperação do ecossistema levará cerca de dez anos.
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