Após a morte de centenas de peixes no Rio Piracicaba no último domingo (7), a Prefeitura de Piracicaba e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) vão exigir que a Usina São José, de Rio das Pedras, responsável pelo despejo irregular na água, faça o repovoamento dos animais do rio. Porém, a recuperação da população de peixes no manancial pode demorar até 9 anos para acontecer, segundo o analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas.
Segundo ele, nesta época do ano, os peixes estão começando a desenvolver suas gônadas para se reproduzirem no final do ano. E como centenas desses peixes morreram, eles não poderão contribuir para a reprodução deste ano.
“Perdemos uma população. Essa população iria contribuir com a reprodução deste ano. E uma nova população para chegar depende de pelo menos três anos para se tornar fértil, adulta. Para a recomposição do estoque, a gente calcula mais ou menos em torno de três gerações, ou seja, de 7 a 9 anos, dependendo das espécies”, explicou.
Apesar disso, o analista ambiental acredita que a reprodução ainda ocorrerá, pois existem outros cardumes no rio que não foram afetados. No entanto, a quantidade de peixes “novos” será significativamente menor.
Repovoamento
O ambientalista também abordou a possibilidade de repovoamento de estoques, que seria uma medida extrema a ser tomada quando não houver mais peixes na área afetada.
No entanto, ele defende que a melhor forma de recuperação é a natural, onde os estoques naturais desovam e completam seu ciclo de vida normal. Essa abordagem garante uma maior diversidade para o ecossistema, segundo ele.
“[…] Existe uma tese de fazer recomposição de estoques. É uma situação extrema. Quando você não tem mais nada, aí você vai fazer o repovoamento. Eu entendo que a melhor forma é a recuperação natural. Tem estoques naturais que vão desovar, que vão fazer todo o ciclo normal de vida. Eu entendo que seja a melhor forma. Isso daí [recuperação natural] garante uma diversidade muito maior para aquele sistema”.
Mutirão de retirada dos peixes mortos
Pescadores, policiais militares ambientais e técnicos da Prefeitura de Piracicaba voltaram nesta quinta-feira (11) ao rio Piracicaba para retirar todos os peixes mortos após a contaminação das águas do manancial por uma usina de produção de cana de açúcar e álcool, no último domingo (7). De acordo com o analista em meio ambiente, Antonio Fernando Bruni Lucas, pode demorar até 9 anos para a recuperação da população de animais que foi perdida.
Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), as mortes ocorreram após despejo irregular de material orgânico pela Usina São José, em Rio das Pedras. Pelo crime ambiental, é prevista multa no valor de até R$ 50 milhões aos responsáveis.
O nível de oxigênio na água, na segunda-feira (8), chegou a zero, impossibilitando qualquer possibilidade de sobrevivência dos peixes. Nesta quarta-feira (10), o índice foi considerado normal.
O mutirão faz parte de uma das ações tomadas pela Prefeitura e a Cetesb. O MP (Ministério Público) está apurando o caso e a prefeitura de Rio das Pedras também foi acionada pelo município.
Como aconteceu o despejo irregular no Rio Piracicaba?
A mortandade, segundo relatório preliminar da Cetesb, foi provocada pelo despejo irregular de resíduos orgânicos industriais da usina diretamente no Ribeirão Tijuco Preto, que desagua no Rio Piracicaba.
A substância atingiu área de 42 quilômetros de extensão, entre o local do lançamento no ribeirão até o leito do Rio Piracicaba, na região da Rua do Porto. O flagrante dos peixes mortos foi notado no domingo.
De acordo com a companhia, o material orgânico despejado no rio foi um resíduo da produção da empresa, que serviu de alimento para as bactérias presentes no manancial. Quando essas bactérias se alimentaram dessa substância, parte do oxigênio da água foi ‘puxado’ por elas. Com isso, os peixes ficaram sem oxigênio e acabam morrendo. A Cetesb também vai investigar se a usina fez o despejo de forma intencional.
O derramamento foi cessado, mas a companhia alerta a população para evitar contato direto com a água do rio Piracicaba.
*Com informações de Edijan Del Santo/EPTV Piracicaba
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