Os poluentes agroindustriais despejados no Rio Piracicaba por uma usina de açúcar e álcool, responsáveis por uma grande mortandade de peixes na semana passada, provocaram a morte de centenas de animais em outro ponto do manancial, flagrada nesta segunda-feira (15). Desta vez, os animais foram encontrados no Tanquã, uma área de proteção ambiental na região de Piracicaba, conhecida como o mini pantanal paulista.
Na última quinta-feira (11), uma força-tarefa composta por pescadores, policiais militares ambientais e técnicos da Prefeitura de Piracicaba retirou aproximadamente três toneladas de animais mortos do rio. No entanto, novas imagens revelam uma quantidade significativamente maior de peixes mortos. Em alguns trechos, mal dá para ver a água. Veja o vídeo:
O Tanquã é conhecido como o mini pantanal paulista, devido à semelhança com o ecossistema do Centro-Oeste brasileiro. O local abriga diferentes espécies da fauna e da flora, algumas em risco de extinção.
Entenda o que causou a nova mortandade de peixes no Rio Piracicaba
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que monitora o manancial desde o dia 7 de julho, quando foi flagrada a primeira mortandade na região da Rua do Porto, fez nova inspeção e medição de oxigênio e constatou-se que os resíduos agroindustriais despejados de forma irregular pela Usina São José S/A Açúcar e Álcool alcançaram o Tanquã.
“[…] Equipes fizeram a medição de oxigênio (OD) no rio Piracicaba, na altura do Bairro de Tanquã e constataram baixo nível de oxigênio dissolvido, o que evidencia que a mancha de efluentes, lançada pela Usina São José S/A Açúcar e Álcool na semana passada, chegou a essa localidade e provocou a mortandade de peixes. Ontem, dia 15 de julho, foi feita nova inspeção e medição de OD, no rio do Pinga, e constatou-se que a mancha de efluentes também chegou ao local”, comunicou a nota da companhia.
Em nota, a Prefeitura de Piracicaba afirmou, nesta segunda-feira (15), que está ciente da situação e acompanha com a Cetesb, que deve elaborar laudo final sobre a mortandade no Rio Piracicaba na sexta-feira (19).
O Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) afirmou que fará uma vistoria nas instalações da usina.
Como aconteceu o despejo irregular no Rio Piracicaba?
A mortandade, segundo relatório preliminar da Cetesb, foi provocada pelo despejo irregular de resíduos orgânicos industriais da usina diretamente no Ribeirão Tijuco Preto, que desagua no Rio Piracicaba. Pelo crime ambiental, é prevista multa no valor de até R$ 50 milhões aos responsáveis.
De acordo com a companhia, o material orgânico despejado no rio foi um resíduo da produção da empresa, que serviu de alimento para as bactérias presentes no manancial. Quando essas bactérias se alimentaram dessa substância, parte do oxigênio da água foi ‘puxado’ por elas. Com isso, os peixes ficaram sem oxigênio e acabam morrendo.
A Cetesb também vai investigar se a usina fez o despejo de forma intencional.
Recuperação da população de peixes pode durar até 9 anos
A Prefeitura de Piracicaba junto com a Cetesb vai exigir aos responsáveis o repovoamento dos animais no rio. Porém, a recuperação da população de peixes no manancial após a mortandade registrada nos últimos dias pode demorar até nove anos para acontecer, o que equivale a três gerações de animais. A estimativa foi feita pelo analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas.
“Perdemos uma população. Essa população iria contribuir com a reprodução deste ano. E uma nova população para chegar depende de pelo menos três anos para se tornar fértil, adulta. Para a recomposição do estoque, a gente calcula mais ou menos em torno de três gerações, ou seja, de 7 a 9 anos, dependendo das espécies”, explicou.
*Com informações de Rafael Castro e Edijan Del Santo/EPTV Piracicaba
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