A ação protocolada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira, 17, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por abuso de autoridade, movimentou grupos bolsonaristas no Twitter, mas o engajamento foi menos expressivo que em outras decisões tomadas pelo próprio ministro. Nesta quarta-feira, o ministro Dias Toffoli rejeitou a notícia-crime de Bolsonaro.
Levantamento da consultoria Bites mostra que 104 mil tuítes mencionando o ministro, um dos alvos preferidos do bolsonarismo, foram publicados desde o movimento de Bolsonaro. Juntos, eles geraram 540 milhões de impressões. Das dez menções com mais compartilhamentos, somente uma publicação do advogado Augusto de Arruda Botelho – a décima da lista – faz críticas ao presidente.
O pico de interações sobre Moraes também se repete com publicações de apoio a Bolsonaro entre os 50 tuítes mais compartilhados. Destes, apenas dois são neutros ou críticos ao presidente.
As demais publicações elegem Moraes como alvo e celebram a notícia-crime de Bolsonaro. Na denúncia, o presidente pede uma investigação do ministro pela demora na conclusão do inquérito das fake news, da qual é relator.
O chefe do Executivo diz que a investigação é injustificada e não respeita o contraditório, por não ter sido aberta após solicitação do Ministério Publico Federal (MPF). O plenário do Supremo, porém, já decidiu que a abertura do inquérito foi regular.
Entre as mensagens com maior índice de compartilhamento, apoiadores do presidente como Alexandre Garcia comemoram os efeitos que a pressão sobre Moraes podem trazer. “Se Bolsonaro e Moraes forem partes de um processo, Moraes não poderá ser juiz em qualquer outro caso em que Bolsonaro for parte. Um vai ser candidato; vai o outro presidir a eleição?”
Botelho, um dos poucos críticos que ganharam projeção na rede, alegou que a ação de Bolsonaro “não vai reduzir a inflação, não vai diminuir o preço da gasolina e não vai alimentar a população que passa fome”. “A ação vai ser arquivada e os problemas estruturais do nosso País continuarão aí”, escreveu.
A análise da bites mostra, porém, que apesar de favorável a Bolsonaro, as interações na rede ainda estão em um patamar mais baixo que em outras decisões recentes do próprio Alexandre de Moraes, que geraram mais engajamento contra ele por bolsonaristas no Twitter.
Veja quais momentos do vaivém entre Bolsonaro e Moraes geraram movimentação maior contra o ministro na plataforma:
18 de março – Alexandre de Moraes manda bloquear Telegram no Brasil
29 e 30 de março – Alexandre de Moraes determina que Daniel Silveira volte a usar tornozeleira eletrônica
20 de abril – Supremo condena Daniel Silveira a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques à democracia
21 de abril – Bolsonaro enfrenta STF e concede perdão a Daniel Silveira
26 de abril – Congresso e Moraes marcam posição sobre cassação e elegibilidade de Daniel Silveira
3 e 4 de maio – Alexandre manda Daniel Silveira pagar R$ 405 mil por violar tornozeleira e participar de atos no 1º de Maio
6 de maio – Alexandre de Moraes suspende redução de IPI para produtos fabricados também na Zona Franca de Manaus