BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio a denúncias contra seu governo envolvendo contratação de vacinas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rezou. Na manhã desta quinta-feira (1º), foi à Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Asa Norte de Brasília.
A participação de Bolsonaro na missa ocorreu pouco antes de Luiz Paulo Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply, começar a depor na CPI da Covid sobre a denúncia que fez à Folha de que Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina.
Há pouco mais de um mês, em 9 de junho, Bolsonaro foi a Anápolis (GO) para um culto na Church in Connection. O culto interdenominacional contou com a presença de pastores e membros de 20 igrejas da cidade, segundo um dos organizadores à época.
A ida do presidente ao templo nesta quinta foi combinada com a administração da paróquia na quarta-feira (30). Deputados aliados, como Bia Kicis (PSL-DF), estavam presentes, assim como seguranças e batedores para facilitar o trânsito do presidente pelas ruas de Brasília.
A imprensa ficou do lado de fora da igreja, que fica próxima a uma quadra de apartamentos funcionais, onde moram os parlamentares.
O evento religioso não estava na agenda oficial, mas foi transmitido ao vivo pela estatal TV Brasil por pouco mais de uma hora.
“Presidente Jair Bolsonaro participa de Santa Missa com parlamentares e seus familiares”, anunciava a tarja a partir das 8h31.
A missa foi descrita pelo padre Rafael Souza dos Santos como “iniciativa da nossa paróquia para estreitar os laços com aqueles que representam cada um de nós, nos seus diversos estados, que são nossos parlamentares, nossos paroquianos”.
Bolsonaro foi citado por padre Rafael e pelo arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cézar Costa, durante a celebração. “Senhor excelentíssimo presidente, é uma grata alegria tê-lo aqui em nossa comunidade paroquial de Nossa Senhora da Saúde”, disse o padre Rafael no encerramento da missa.
“Quando não é Deus que conduz a nossa vida e história, o mal prevalece”, prosseguiu, pedindo que as autoridades “sejam sempre conduzidas pelo Espírito Santo, com sabedoria para fazer o bem a todos”.
“O amor possível é um amor de entrega, um amor de doação. Um amor que coloca o outro sempre em primeiro lugar, antes de cada um de nós. Acredito que seja a função do nosso excelentíssimo presidente”, afirmou o padre.
“Não quero nem imaginar o que passa quando o senhor acorda, da hora que o senhor acorda, as coisas que precisa enfrentar. Mas saiba que a igreja de Jesus Cristo reza pelo senhor e por todos os representantes, para que sempre seja um sinal de esperança aqui em Brasília e no nosso imenso Brasil”, disse padre Rafael.
O presidente usou máscara praticamente durante toda a missa. Retirou-a para a comunhão e não a vestiu novamente, mesmo quando aglomerou para fazer fotos. Bolsonaro deixou a imprensa sem falar com os jornalistas.
Antes da missa, Bolsonaro parou na entrada do Palácio da Alvorada para conversar com apoiadores, o que não fazia há dois dias.
Na versão publicada por um canal bolsonarista, ele não mencionou a crise que enfrenta por causa das denúncias de irregularidades na compra das vacinas, mas voltou a defender o voto impresso e a provocar os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que têm se manifestado pela segurança das urnas eletrônicas.
“Agora, se essa articulação prosperar, esses três vão ter que inventar uma outra maneira de termos umas eleições confiáveis, com a contagem pública de votos. Caso contrário, vamos ter problemas no ano que vem no Brasil”, disse Bolsonaro.
“Não adianta vir com argumentozinho, que é muito caro. Dinheiro tem. Já está arranjado dinheiro para as eleições, para comprar as impressoras. Então, nós queremos eleições limpas no ano que vem, porque tiraram o Lula da cadeia, tornaram elegível pra ele ser presidente na fraude. Isso não vai acontecer”, afirmou o presidente.