O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como “de duvidosa inteligência” a atitude do deputado federal Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que passou uma noite na Câmara dos Deputados por entender que, naquele local, teria proteção para desobedecer à ordem de colocar uma tornozeleira eletrônica.
Segundo o magistrado, a estratégia do parlamentar acabou por privá-lo ainda mais de liberdade, dado que ele ficou confinado na Casa Legislativa. “Não só estranha e esdrúxula situação, mas também de duvidosa inteligência a opção do réu, pois o mesmo terminou por cercear sua liberdade aos limites arquitetônicos da Câmara dos Deputados, situação muito mais drástica do que àquela prevista em decisão judicial”, afirmou Moraes.
Daniel Silveira recuou de sua estratégia após dormir uma noite em seu gabinete na Câmara. Os agentes federais chegaram a abordá-lo no escritório, mas o deputado se recusou a colocar o dispositivo. Por fim, aceitou a tornozeleira e disse que iria acatar a ordem do magistrado devido à possibilidade de “sequestro de bens”.
Com a recusa de colocar a tornozeleira e a decisão de “resistir” à ordem judicial em seu gabinete, Silveira conseguiu direcionar grande atenção à decisão de Moraes nas redes bolsonaristas. Antes de ceder à determinação, Daniel ganhou travesseiro, companhia e apoio de outros parlamentares ligados ao presidente Jair Bolsonaro, além de ter sido assunto nas redes sociais.
Na noite em que ele dormiu na Casa, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) gravou um vídeo dizendo que também interromperia seu sono para ir ao encontro do colega: “E você, o que vai fazer?”, perguntou aos seguidores. A parlamentar classificou Silveira como “guerreiro” e “herói”.