SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio a um calendário de votação, hoje o PSOL encontra-se dividido entre duas teses. De um lado, os que acreditam que o partido deve, pela primeira vez, pensar em abrir mão de uma candidatura própria para a presidência da República em 2022 e compor uma frente ampla de oposição a Jair Bolsonaro.
Do outro, estão os que defendem que uma candidatura própria coloca em discussão pautas que são encampadas pelo PSOL e em relação às quais não há garantia de que serão abordadas com o mesmo empenho por outras siglas.
O deputado federal Glauber Braga (RJ) é o principal representante dessa segunda tendência, que vive disputa com um polo hoje liderado por Guilherme Boulos (SP).
Balanços preliminares apontam que as duas teses têm força significativa no partido e que está apertada a votação sobre qual delas terá prevalência na orientação do PSOL em 2022. O resultado será revelado após votações nos próximos dois fins de semana.
Braga defende que o PSOL não pode fazer uma aliança eleitoral com o que ele chama de “turma da direita liberal”, “que se fantasia de centro e forma um bloco de fato com a extrema direita”. Ele advoga pela construção de uma unidade para derrotar o governo Jair Bolsonaro em 2022, mas exclusivamente à esquerda.
“A gente acha que a pré-candidatura pode ajudar na construção de uma unidade, mas à esquerda. Não cabe na nossa mesa a direita liberal que se fantasia de centro e forma um bloco de fato com a extrema direita. Toda semana vota com o Bolsonaro e fica fazendo discurso contra ele. Na hora H está aplaudindo e apoiando as medidas de desmonte que ele está colocando em prática”, afirma Braga ao Painel.
Para ele, abandonar uma candidatura própria do PSOL neste momento seria perder uma plataforma para reforçar o programa do partido que poderia ser utilizada para fazer contato com a juventude.
“É abrir mão de fortalecer essa raia política que tem força no Brasil, mas também do ponto de vista internacional”, diz o parlamentar.
Ele cita eixos de seu manifesto em defesa de uma candidatura própria do PSOL, como a “revogação das medidas de desmonte ultraliberal” e “medidas estruturais do enfrentamento à LGBTfobia, ao machismo, ao racismo e ao capacitismo”.
“Não vejo nessa tentativa de outras forças políticas de formar um bloco com a direita liberal a garantia de que essas pautas vão estar presentes antes e durante as eleições. A ausência do PSOL faz com que esse debate que tem ganhado força no Brasil perca peso”, conclui.