O pré-candidato do PDT à Presidência, ex-ministro Ciro Gomes (PDT), descartou nesta quarta, 23, a possibilidade de apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Nunca mais farei campanha para bandido nesse País, nem que o pau tore. Por isso eu tenho que estar no segundo turno”, disse o pedetista, sem citar diretamente o ex-presidente.
Ciro falou durante painel no CEO Conference 2022, evento do banco BTG Pactual. O pré-candidato respondia a uma pergunta sobre se irá para Paris caso não esteja no segundo turno, como fez em 2018. A viagem frustrou as expectativas de apoio dele à candidatura de Fernando Haddad (PT).
“Eu não fui para Paris para não votar. Eu voltei e votei no Haddad”, defendeu.
Com a viagem, porém, Ciro evitou fazer a campanha do segundo turno ao lado do PT. A atitude gerou críticas na esquerda, que o acusou de se omitir e beneficiar o então candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que venceu a eleição.
O ex-ministro voltou a contestar as análises que aponta não haver, na disputa eleitoral de 2022, espaço para crescimento de um nome alternativo a Lula e ao presidente Bolsonaro, respectivamente líder e vice-líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência. Também discordou que o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) seja o candidato mais competitivo da chamada terceira via.
“Há um elemento instável, que é o nosso povo. Sistematicamente, a gente não aprende, que o nosso povo se comporta como rebelde perante as coisas”, afirmou.
Ciro citou exemplos de imprevisibilidade nas eleições passadas. Um deles foi o atentado à faca contra a vida de Bolsonaro, que impulsionou as intenções de voto do atual presidente, em 2018.
“Em fevereiro de 18, ninguém dava a menor bola, fomos minimizando o risco Bolsonaro”, disse ele. “Veio uma facada e pronto: o homem está eleito. O resultado prático é que o número de mortes por covid é quatro vezes maior que a média mundial. E esse resultado é motivado pela política genocida do presidente.”
Questionado sobre como seria sua relação com o Congresso caso eleito, Ciro disse que acabaria no primeiro dia de governo com as emendas de bancada e de relator. Essas geraram o esquema do Orçamento Secreto, controlado por parlamentares e revelado pelo Estadão.
O pedetista afirmou também que levará a plebiscito projetos importantes que tenham resistência do Legislativo.
“Vou substituir essa rendição imobilista que só dá crise. “Governar desse jeito e com essa gente é a certeza do fracasso”, criticou.