O diretório estadual do PSB desfiliou o vereador Camilo Cristófaro da legenda nesta quarta-feira, 4, após a repercussão de uma fala racista dita por ele durante reunião da CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo. A decisão foi tomada pelo presidente estadual da sigla, Jonas Donizette, e será informada ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Sem saber que seu áudio estava aberto durante a sessão, que ocorria de forma híbrida, o parlamentar comentou: “olha só, lavando a calçada, isso é coisa de preto”. Em seguida, a vereadora Luana Alves (PSOL), que é negra, pediu que a reunião fosse suspensa e, depois, ao confirmar que a frase havia sido dita por Cristófaro, informou que faria uma representação formal à Corregedoria da Casa.
Donizette classificou a fala como “grave” e disse que racismo é uma prática condenável pelo PSB, que, segundo ele, tem uma “negritude” muito forte. “Como o processo de expulsão exige um determinado trâmite legal, às vezes demorado, optei por despachar o ofício apresentado pelo próprio vereador no qual ele cita o artigo que trata de desfiliação”, afirmou.
O ofício em questão foi enviado por Camilo Cristófaro ao PSB no dia 28 de abril. Nele, o vereador pede seu “imediato desligamento do diretório municipal de estadual do PSB” e cita o artigo 17, inciso sexto da Constituição Federal, o mesmo que trata de desfiliação partidária. “Diante desse pedido anterior ao fato, resolvi despachar e resolver assim de forma mais rápida”, afirmou.
Ao Estadão, Camilo Cristófaro afirmou que a desfiliação tem a sua “anuência”. “Fiz o pedido em 28 de abril”, confirma. Em nota, o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União Brasil) repudiou o fato e afirmou que vê com “indignação imensa mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos”.
Leite, que é negro, disse ainda “lutar com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também”. Do plenário, afirmou ainda que o ocorrido está sendo apurado e será encaminhado para a Corregedoria do Parlamento paulistano. “Que o corregedor dê celeridade ao processo. O desfecho cabe aos seus membros da Corregedoria. Não dá para aceitar mais isso”, disse Leite.