O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta quarta-feira que se reuniu com o pastor Arilton – protagonista do gabinete paralelo na pasta revelado pelo Estadão – mesmo após ele mesmo ter denunciado o religioso à Controladoria Geral da União (CGU) por “conversas estranhas” e negou ter conhecimento do pedido de propina em ouro. “Se provar que eles fizeram, fui enganado”, declarou o ministro em entrevista à CNN Brasil.
Como revelou a reportagem do Estadão, os pastores do gabinete paralelo cobraram 1 kg de ouro para a liberação de verbas a municípios.
“Em agosto, fui a uma determinada cidade e ouvi um comentário dessa natureza que chegou. Não foi diretamente, e eventualmente eu, depois, recebi denúncia anônima de uma possível prática, não estou falando que houve, desse tipo de pedido, de intermediação”, relatou Ribeiro, sem citar a palavra “propina”. “Uma conversa que não era que achava boa”, seguiu o ministro, que disse ter pedido à CGU a instalação de uma investigação sigilosa. “Chegou a respeito no nome de alguns, entre eles o pastor Arilton.”
De acordo com Milton, os encontros com o pastor, que passou a ser investigado, se mantiveram, mas fora do MEC. “Imagina se uma hora para outra eu parasse de atendê-los? Eu não fiz isso”, disse, sobre sua suposta estratégia de não deixar pistas da investigação.
O ministro reafirmou que os repasses a municípios se dão por critérios técnicos, e não pessoais. “Quando um pedido é feito, ele entra numa lista que é organizada pelos técnicos do FNDE.” No entanto, como mostrou o Estadão, demandas intermediadas pelo gabinete paralelo foram liberadas em tempo recorde.