Aos 33 anos, Keo Coelho de Almeida, especialista em gestão de pessoas em uma multinacional de Ribeirão Preto, foi além das estatísticas: em seis meses, ele testou positivo para a covid-19 duas vezes e sofreu com um quadro de pneumonia viral possivelmente causado pelo mesmo vírus.
Foi em abril de 2020, quando as informações relacionadas à pandemia do novo coronavírus ainda eram escassas, que o carioca procurou ajuda médica pela primeira vez, com sintomas similares aos causados pela infecção. O diagnóstico, no entanto, não foi conclusivo.
“Naquela época, meu convênio ainda não realizava testes de PCR em qualquer paciente. Apenas em idosos e profissionais da saúde. Fiz um raio-x e descobri que estava com o pulmão comprometido”, explica.
Depois disso, 15 dias de isolamento foram recomendados, assim como o afastamento temporário da empresa onde trabalha. O CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde) era o mesmo usado para casos de covid-19.
“Eu nunca subestimei a doença. Pelo contrário, cumpri a quarentena à risca e segui todas as recomendações de proteção, mas acredito que minha imunidade estava baixa. Eu tive caxumba em maio e a surpresa veio logo depois”, completa.
Keo perdeu o olfato e o paladar no final de junho, dois meses após o “susto” anterior, e recebeu seu primeiro resultado positivo para o novo coronavírus. O segundo veio no dia 9 de janeiro deste ano.
O rapaz, que continua em isolamento nesta terça-feira (19), é um dos casos em constante estudo e ainda não tem como explicar qual a condição de seu estado de saúde. Uma das possibilidades levantadas pela equipe médica que o acompanha é a presença de doenças autoimunes em seu organismo ainda não reconhecidas.
“Estou esperando uma bateria de exames ficar pronta para saber o que aconteceu comigo, até porque continuo com muita dor nas costas e no peito, mas acredito que tudo isso serve de alerta para as pessoas. Eu sei que a reinfecção é um assunto que muitos não acreditam. Isso, inclusive, me deixou bastante confuso. Porém, quem sentiu os sintomas fui eu e sei o quanto tem sido difícil. A gente vê os estudos na TV, mas eu sou a prova que pode acontecer”, finaliza o especialista em RH.
Mutações e pesquisas sobre a covid-19
Apesar das pesquisas ainda em andamento, casos como o de Koe Coelho de Almeida intrigam os estudiosos e colocam à prova algumas respostas relacionadas ao novo coronavírus.
Silvia Fonseca, diretoria regional do Sistema Hapvida de Ribeirão Preto, diz que testes mais específicos, capazes de ter acesso ao genoma do vírus, estão sendo criados para desvendar o mistério. A realização, contudo, ainda é bastante cara.
Ao ACidade ON, a médica infectologista explicou que mutações já constatadas da covid-19 podem mudar os rumos da doença, porém, não há afirmações de imunidade entre uma versão e outra da infecção. Já o aumento de casos nas primeiras semanas de 2021 pode ser descrito com mais certeza pelas festas de final de ano e as aglomerações causadas por elas.
“Enquanto não tivermos respostas mais claras, o uso de máscara e distanciamento social são as saídas mais certeiras para evitar o vírus. Tanto uma, quanto mais vezes. É correto dizer que existe uma taxa de falsos negativo e positivo nos PCR, mas essas são pequenas”, concluí Silvia.