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CotidianoArtigo: Uma pintora fora da curva

Artigo: Uma pintora fora da curva

Faz tanto tempo que podemos chamar a data até de centenário. Sim, estou falando do Centenário da Semana de Arte Moderna

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Luiz Puntel (Foto: acidade on)
Luiz Puntel (Foto: acidade on)

 
Não foi em um domingo como hoje. Era uma segunda-feira. E isso faz tempo. Faz tanto tempo que podemos chamar a data até de centenário. Sim, estou falando do Centenário da Semana de Arte Moderna. 

Naquela noite de 13 de fevereiro de 1922, uma turbamulta se reuniu no saguão, balcões, cadeiras, camarotes e frisas do  Teatro Municipal de São Paulo, para vaiar, mais do que aplaudir, um evento que ficou conhecido como a Semana de Arte Moderna. 

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O que poucos sabem é que, sem medo de errar, a Semana começou a ser pensada cinco anos antes, com a exposição de uma pintora. Isso mesmo, leitores! Mulheres pintoras, no começo do século XX, podiam se dedicar apenas a pintar natureza-morta, ou seja, frutas sobre uma cesta, em cima de uma mesa. Ou, quando muito, cenas bucólicas de paisagens amenas. 

Pintar um torso nu, uma mulher nua, um homem amarelo, uma estudante russa mal acabada, uma mulher de cabelos verdes, entre outras esquisitices, nem pensar! Mas, em 1917, Anita Malfatti fez sua exposição de quadros nada convencionais, e Monteiro Lobato não gostou nadinha, considerando-a uma pintora fora da curva. Não só não gostou como criticou-a ferozmente em artigo do jornal O Estado de São Paulo. Ou era maluka de pedra, ou era uma fanfarrona, uma gozadora, que sabia pintar, mas que não poderia ser levada a sério. 

O artigo gerou tanto escândalo que Anita perdeu alunas, quadros foram devolvidos e ela, por pouco, não entrou em depressão profunda. O certo é que este incidente foi o estopim para que Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Di Cavalcanti, entre outros intelectuais, se irmanassem à sua volta, o que resultou, anos depois, o pensamento voltado para o que se fazer no Centenário da Independência, em 1922. 

Lógico que muita água rolou sobre o Riacho do Ipiranga até a comemoração centenária do Grito do Dom Pedro I e da turbamulta que tomou de assalto as galerias do Teatro Municipal. Águas roladas, foi no dia 13 de fevereiro que os modernistas leram poesia, fizeram discursos e prometeram voltar, como voltaram no dia 15 e repetiram a dose no dia 17, com mais quebras de paradigmas, para terminarem a patuscada que escandalizou a acanhada e provinciana São Paulo dos anos 20. 

Só mais um detalhe, leitores! A capital paulista, naquela época, era menor que Ribeirão Preto, com seus 500 e poucos mil habitantes. Agora, que a pândega ficou para a história, ah ficou! Tanto é que, nesta semana, já aconteceu e continuará a acontecer várias atividades comemorativas no famoso tdeatro. 

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Hoje, o dia do Centenário contará com várias apresentações de orquestras, de peças teatrais e da Orquestra Sinfônica Municipal da cidade de São Paulo. Bora lá pro show! Mas, antes, é preciso comentar: só não pode jogar tomate e nem cebola nos músicos e poetas e pintores!

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