Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto identificaram grande quantidade de partículas de poluição em amostras da água da chuva coletada durante a tempestade de poeira que atingiu a região no último dia 26 de setembro.
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Os resultados foram comparados com outras chuvas com o mesmo volume acumulado de 49 milímetros -, desde o ano de 2005, quando começaram as coletas de amostras de água da chuva para
o banco de dados de pesquisas do tipo.
De acordo com a professora Maria Lúcia Arruda, a quantidade de partículas tóxicas encontradas na água é dezenas de vezes maior do que o encontrado em chuvas comuns.
“A gente teve 13, 14 vezes mais cálcio e magnésio, nas espécies orgânicas nós já tivemos dezenas, esse número já foi maior. Então, estamos analisando esses dados e estamos vendo que as vezes essas concentrações chegaram a 100% maior em outras chuvas do mesmo volume”, afirma a professora.
Para o pesquisador Jacques Florêncio, que também participou do estudo, o resultado surpreendeu. “Esperava uma quantidade menor de partículas. Foi algo que desde que eu entrei no laboratório eu nunca tinha observado antes. Uma grande quantidade partículas em um grande volume de chuva. Foi uma chuva fora do comum”, disse.
Segundo os especialistas, a grande concentração de poluentes na água está relacionada com a estiagem que atingiu a região de Ribeirão Preto no período anterior à tempestade, já que houve o acúmulo de partículas.
“Teve lugares na região que ficou muito tempo ventando e sem chuva, então essas pessoas ficaram mais expostas”, explica Maria Lúcia.
Problemas de saúde
Para a médica pneumologista Rosângela Villela Garcia, explica que ao inalar essas partículas de poeira, as pessoas não conseguem eliminar todas. Com isso, essas partículas podem chegar ao pulmão e provocar doenças respiratórias.
“Aquelas partículas bem pequenas conseguem chegar no fundo do pulmão e isso causa a curto prazo uma inflamação pulmonar, gerando sintomas como tosse, secreção pulmonar, catarro, piora da falta de ar, principalmente daquelas pessoas que já têm uma doença respiratória”, afirma a médica.
Para ela, a única solução para o problema é o controle da qualidade do ar que respiramos. “A gente não tem um filtro para colocar na nossa casa que filtre o ar, ou uma máscara específica que a gente consiga eliminar essas micropartículas que possam ser inaladas. O ideal é controlar a qualidade dor ar”, completa.