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CotidianoCom arte, tatuador de Ribeirão ajuda a cobrir as marcas da dor

Com arte, tatuador de Ribeirão ajuda a cobrir as marcas da dor

Projeto Renascer foi criado pelo tatuador Jovanini, de Ribeirão Preto, que realiza trabalho voluntário; Conheça o projeto Renascer

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Projeto Renascer funciona toda terça-feira gratuitamente (Foto: Arquivo Pessoal/ Redes Sociais)

Por meio de desenhos e tintas o tatuador, Paulo Henrique Jovanini Rosa, de 30 anos, de Ribeirão Preto, ajuda pessoas que passaram por momentos difíceis na vida.  

Usando tatuagens, ele cobre cicatrizes em um projeto chamado ‘Renascer’. Jovanini é tatuador há 12 anos e hoje possui um estúdio, no Centro de Ribeirão Preto, com 15 artistas.

O projeto surgiu com o objetivo de “ajudar com arte pessoas que machucaram a si tentando calar a dor de alguma forma”, relata o tatuador em post que anuncia o projeto ao público.

Sobre o projeto

Ressignificar a cicatriz. Esse é o pensamento de Jovanini durante todas as terças-feiras do mês, dia reservado no estúdio para realização do projeto, que começou a ser pensado em outubro de 2021, mas foi colocado em prática em janeiro desse ano.

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O projeto surgiu da vivência do tatuador, que perdeu um amigo para a depressão. “Eu tinha um amigo que passou por algumas situações e infelizmente ele acabou por tirar sua própria vida e desde então, eu me culpo muito por não ter ajudado quando ele precisou. Mas hoje, eu entendo que na época, eu não tinha entendimento sobre depressão e qualquer outro tipo de problema semelhante”, afirma.

Com o passar do tempo, Jovanini passou a perceber que cobrir cicatrizes de clientes era recorrente no estúdio. O profissional disse que a ‘ficha caiu’ quando atendeu uma cliente antiga, que estava com duas marcas, uma em cada punho. “Eu cobri as duas marcas e vi que ela mudou. Comecei a notar que eu cobria muitas cicatrizes de clientes aqui no estúdio e ver a felicidade da galera é muito bom”, conta o tatuador.

Mesmo não tendo formação na área da saúde, o tatuador dedicou um tempo para estudar sobre o tema e as maneiras de como abordar o assunto. Para isso, ele contou com a ajuda de amigas psicólogas e outras profissionais da saúde para elaborar o projeto. “Tenho vários amigos e amigas psicólogos que se disponibilizam para ajudar, mas normalmente os participantes do projeto já tem ajuda com isso, raramente eles não estão se tratando ou se cuidando”, explica.

Para o tatuador, o projeto influenciou na maneira em que ele passou a ver a dor e a vida. “Eu vejo o quão sensíveis somos. O quanto palavras e atitudes podem influenciar totalmente no comportamento de alguém e a responsabilidade afetiva que temos em como trata nossos próximos”. 

O projeto vida ressignificar as cicatrizes (Foto: Arquivo Pessoal / Redes Sociais)

As tatuagens são pensadas e personalizadas para cada pessoa que participa do Renascer. “Ao entrar em contato com o responsável pelos agendamentos, a pessoa recebe o passo a passo para se inscrever sendo necessário enviar fotos do local em que está a cicatriz, em seguida damos um número para a pessoa”. O método foi criado para não gerar nenhum tipo de gatilho emocional nos participantes, “cerca de 3 ou 4 dias antes, entramos em contato com a pessoa informando que está na vez dela”, explica.

Durante as sessões, Jovanini é o único que realiza os atendimentos. “Eu viso muito o atendimento, a atenção, e terceirizando eu tenho um receio de outros artistas falharem nisso. Por ser um assunto sério, não gostaria que alguém fosse mal atendido”. 

Com a preocupação em relação ao atendimento dos clientes, o tatuador se esforça para deixar a sessão ser algo leve. “Todos os atendimentos me marcaram. Porque é uma troca de energia muito pesada, apesar o projeto ser lindo e de eu amar fazer, ele mexe muito comigo e eu não posso demonstrar muito, não quero deixar o atendimento com um clima triste”, comenta.

“Eu brinco muito, faço a pessoa rir bastante enquanto eu atendo ela, obviamente que quando estou ouvindo a história eu respeito e ouço tudo com muito empatia”, explica.

Jovanini notou uma quantidade maior de jovens inscritos no projeto. Até o momento, são mais de 220 pessoas inscritas. “O que me dói é ver que os jovens são maioria”.

Papel da arte

“É nítido o quão diferente as pessoas saem daqui [do estúdio] apagando ou deixando para trás uma lembrança ruim daquela cicatriz, uma forma de recomeçar”. Para ele, “é gratificante demais ter essa confiança depositada na minha arte para algo tão grande, me sinto lisonjeado por ajudar de alguma forma todas essas pessoas.

Mesmo usando da arte para fornecer um recomeço aos participantes do projeto, Jovanini deixa claro, desde o início, a importância de buscar ajuda. “Eu deixo bem claro que é preciso ajuda profissional, que precisam sempre se cuidar e conversar sobre. A tatuagem é uma parte do processo apenas”. 

O “Setembro Amarelo” é a campanha que marca o mês de prevenção ao suicídio em todos os países. No Brasil, é uma iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), que atende pelo telefone 188. 

Para conhecer mais sobre o projeto Renascer e o trabalho de Jovanini, acesse o perfil nas redes sociais:

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