Que língua é essa, por meio da qual nos identificamos? Que na sua forma define nosso lugar; no seu conjunto de expressões revela uma história, marca um povo e na sua estética sonora se apresenta. Língua pátria, mátria, nacional. Língua nossa de todos os dias, que usamos a toda hora. Língua pela qual nos chamam e respondemos ao sermos chamados. Língua que se organiza fonética e gramaticalmente. Que representa o País quando precisa ser representado.
Que língua é essa tão igual, mas imensamente diferente, com sotaques e interferências, cacoetes e dialetos. Língua que define a região, a ancestralidade, a identidade cultural. Língua Nacional que diz quem somos.
É essa língua rica e representativa, celebrada no dia 21 de maio, que a 21ª edição da Feira Internacional do Livro (FIL) de Ribeirão Preto vai enaltecer durante o debate literário agendado para o período de 20 a 28 de agosto.
Com o tema “do Caburaí ao Chuí: a força da Literatura Brasileira” o encontro será um momento de olhar expandido para a produção literária do Brasil. Oportunidade de abrir as cortinas para um desfile de literatos de norte a sul.
De mãos dadas com Ariano Suassuna e Carolina Maria de Jesus, opostos extremos, portanto abrangentes, essa edição da FIL é em si um culto à Língua Nacional. De pontos distantes, ao norte, do Monte Caburaí, ao sul, do Chuí, cabemos todos nós brasileiros.
Nessa extremidade geográfica está São Paulo de Mário de Andrade, Minas Gerais de Adélia Prado, Bahia de Jorge Amado, Goiás de Cora Coralina, Rio Grande do Sul de Érico Veríssimo, Ceará de Raquel de Queiroz. Cabe nesse Brasil de Língua Portuguesa tantos quantos escritores essa terra der vida. Cabem todos os contemporâneos que usam a língua, que é nacional, para emocionar.
Celebrar a nacionalidade da nossa língua é reconhecer uma das identidades culturais do País. Língua tão expansiva, quando trabalhada faz poesia, canta a vida, dá o recado. Língua de tantas influências, do tupi carrega amendoim, açaí, aipim, jabuti; de sua matriz África empresta dengo, caçula, moleque, quitanda, cachimbo; dos imigrantes, difícil escolher, tantas que já misturadas nem se sabe quais.
Viva a Língua Nacional.
*Adriana Silva, pesquisadora e escritora, é curadora da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto e vice presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. adrianasilva@fundacaodolivroeleitura.com.br