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CotidianoÉ um erro histórico entender a educação como via de mão única

É um erro histórico entender a educação como via de mão única

Secularmente, foi assim e, embora os novos olhares pedagógicos tentem desmistificar essa imagem, ela continua campeã de audiência

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Luiz Puntel (Foto: Arquivo ACidade On)

QUEM É O MESTRE?

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O que eu e vocês mais lemos na sexta-feira, nas homenagens ao Dia do Professor, que não sei por que não se chama Dia da Professora também – foi a palavra ENSINAR, conjugada com APRENDER. E essas palavras são terríveis, porque trazem o argumento de que alguém ensina porque há um outro alguém, na ponta do giz, que aprende. 

Há aí um erro histórico, um desserviço à origem latina do que seja a EDUCAÇÃO. Educare quer dizer, em latim, em uma tradução literal, “tirar para fora o que o educando já traz com ele”. E o erro histórico é entender a educação como via de mão única, ou seja, o professor – e as professoras, onde ficam? – ensina, e o aluno dedicado e focado, aprende. 

Como assim? Vou pedir a ajuda de vocês, internautas, e, puxando a lousa, a explicação é bem visual. Quando falo as palavras “ensinar” e “aprender”, qual imagem formamos em nossa mente? Um professor lá na frente da sala – ou professora, não se esqueçam de que a maioria de quem milita na educação fundamental são as mulheres -, e os alunos, milimetricamente postados, enfileirados, em forma, tomando notas. 

Secularmente, foi assim e, embora os novos olhares pedagógicos tentem desmistificar essa imagem, ela continua campeã de audiência. Tanto é verdade que, equivocadamente, como já pontuei, usamos as duas palavras de forma errônea: ensinar e aprender.  

E aqui é importante, mais uma vez, entendermos que ninguém ensina e o outro aprende, como se a educação fosse uma corrida de revezamento 4 x 100m, em que o professor passa o bastão ao aluno e ele vai em frente.  

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Educação, repito, é deixar aflorar as certezas, as dúvidas, os erros e acertos do alunado. Sim, porque educar é uma construção que o aluno faz à medida em que ele vai descobrindo o conhecimento. Ele não é um ser passivo, sobre o qual se depositam as matérias escolares para serem cobradas em uma prova insossa, que não prova nada, só prova que este modelo é o que coloca o Brasil na rabeira de qualquer ranking do PISA, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Eia, sus, Paulo Freire! 

Riobaldo, o jagunço do Grande Sertão Veredas, ah pois, diz isso com uma sapiência sabida de belezura: “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Na pandemia, só para jogar mais fogo na fervura, o que os professores tiveram que aprender com seus alunos sobre como acessar plataformas on-line, o que clicar, o que postar, o que é mute, o que é share, o que é câmera aberta, câmera fechada, compartilhamento de tela, webinars, upload and so on, não está no gibi!  

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Puntel, perdido no mundão que é Grande Sertão: Veredas, escuitando Riobaldo dizer coisas que nunca ouviu na faculdade.

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