A elefante Bambi, ex-moradora do Bosque Zoológico de Ribeirão Preto, completa neste domingo (26), um ano na nova casa no Mato Grosso – veja galeria abaixo.
Depois de viver praticamente toda a vida em cativeiro [a maior parte em circo], Bambi foi transferida por determinação da justiça, para o Santuário de Elefantes na Chamada dos Guimarães, em setembro de 2020.
O biólogo Daniel Moura, participou desta missão e acompanha diariamente os passos da Bambi e dos demais elefantes no recinto que é o único na América Latina.
Segundo ele, a Bambi superou as expectativas de toda a equipe, pois se adaptou rapidamente ao ambiente. Ele explica que essa adaptação, nem sempre é rápida porque a maioria dos animais carrega traumas físicos e mentais da vida em cativeiro e longe de seus pares. “Ela se mostrou uma explorada nata, ela se locomove muito bem, se socializou rápido com outras elefantes: a Mara e a Rana – a anfitriã do santuário”, disse.
Daniel acrescenta que as três ficam ‘coladas’ uma na outra, noite e dia e que os animais têm autonomia para se locomover da forma que quiserem pelos 28 hectares disponíveis, o equivalente 280 mil metros quadrados. O total da fazenda é de 1.110 hectares.
“É um espaço dinâmico para que possam se afastar e se aproximar, com elementos naturais que facilitam a comunicação entre eles. Bambi não estava com escore corporal adequado para um elefante, deve ter ganhado uns 400 e 500 quilos ao longo desse um ano. Ganhou peso e musculatura”, disse.
Idade incerta
A equipe não sabe exatamente a idade dela, mas estima-se que a Bambi tenha cerca de 60 anos e elefantes na natureza costumam viver até 70 anos. Considerando que a idade dela é avançada, que ela foi sequestrada da natureza ainda filhote e é cega de um olho, Bambi se mostra uma grande guerreira, explica Daniel.
Além da questão de autonomia, essencial no convívio dos animais no Santuário, os elefantes são treinados para ter confiança nos funcionários. Esse trabalho é importante para que os veterinários, por exemplo, possam avaliar a saúde da manada.
“Chamamos isso de condicionamento operante através de reforço positivo. Você dá frutas ou legumes, que eles mais gostam. O setor do treinamento faz o comando para começar a cuidar das unhas, dos olhos, trombas. E aí é processo de confiança entre tratador e elefante e ele recebe a recompensa”, detalha.
Próximos passos
O santuário tem hoje cinco fêmeas asiáticas: Mara, Rana, Maya, Lady e Bambi. Em breve o local espera receber mais duas moradoras internacionais. A Pocha de 50 anos, e sua filha, Guilhermina de 22 anos. Ambas estão no zoológico de Mendoza, na Argentina.
Para os próximos anos, espera-se também contar com recinto dos machos asiáticos e africanos que está em fase de construção. A ideia é reproduzir um ambiente em que macho e fêmeas só se encontram em período de reprodução, pois é assim que acontece na natureza.
Hoje na América Latina existem 44 elefantes em cativeiro e 39 estão em zoológicos. Por ser um processo burocrático e com custos elevados, o santuário não consegue, em um espaço curto de tempo, a transferência de um grande número de animais ao recinto.