SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A pandemia de Covid-19, que já matou mais 200 mil brasileiros e se mantém acelerada pelo país, trouxe à edição 2021 do vestibular da USP (Universidade de São Paulo) desafios inéditos para além da seleção de vagas.
Esqueçam as rodinhas de conversa entre candidatos antes do início da prova, a aglomeração para entrega de kits de apoio feita pelos cursinhos, o lanchinho dentro das salas e qualquer contato físico.
Para a prova da USP acontecer em plena pandemia será preciso muita distância entre as pessoas, zero aglomeração, uso de máscara e álcool em gel – costumes já inseridos no cotidiano desde que a doença causada pelo coronavírus saiu do controle.
Neste domingo (10), a partir das 13h, será realizada a primeira fase do vestibular da instituição universitária do país mais bem avaliada em rankings internacionais.
Pouco mais de 130 mil candidatos (inclui treineiros) responderão a 90 questões objetivas a partir do conteúdo programático do ensino médio. Estarão sob disputa 8.242 vagas.
Outras 2.905 vagas da universidade estão reservadas para o Sisu (sistema de seleção do Ministério da Educação a partir de notas do Enem).
Sob a responsabilidade da Fuvest (Fundação Universitária para o vestibular), o exame precisou se adaptar às novas regras sanitárias para não ser adiado mais uma vez.
A primeira fase seria realizada no dia 29 de novembro do ano passado, mas acabou empurrada para janeiro de 2021 para que os candidatos pudessem se preparar melhor por causa de problemas relacionados à oferta e ao acesso de conteúdo via ensino remoto.
Para não perder o ingresso de novos estudantes neste ano, a Fuvest criou um programa de biossegurança que inclui todas as regras que os aplicadores da prova e os candidatos terão de seguir na primeira e na segunda fase do vestibular.
As novas regras foram colocadas em prática desde os encontros presenciais da banca de elaboração da prova, composta por pouco mais de 30 professores da USP, e seguirá até a fase de correção, com outros 330 profissionais.
Para este domingo, o mais importante é: não faça a prova presencial se você contraiu Covid-19 a partir do dia 1º ou teve contato com pessoas contaminadas. A mesma recomendação vale para quem está com os sintomas da doença.
A ideia do programa de biossegurança é transformar as 5.319 salas que serão usadas no certame numa espécie de espaços anticontaminação para Covid-19.
Matheus Torsani, médico assistente da Fuvest e o responsável pela estruturação do plano, diz que as salas ocuparão apenas 40% de sua capacidade, e os alunos ficarão distantes 1,5 metro uns dos outros.
A taxa de 40% de ocupação das salas integra as regras da fase amarela do Plano São Paulo para contenção da Covid-19, classificação dada para a maioria dos municípios do estado.
Mas caso as 34 cidades que sediarão a prova ingressem na fase vermelha, a mais restrita e que só permite o funcionamento de serviços essenciais, o vestibular não será prejudicado, diz Torsani.
“Tivemos a autorização do Centro de Contingência da pandemia, do governo de São Paulo, para aplicarmos o vestibular em qualquer fase pela excelência do nosso plano”.
Ao entrar no local de prova, o candidato terá de usar máscara que cobre a boca e o nariz. O item de proteção é obrigatório e se alguém se recusar a usá-lo sofrerá sanções.
A pedagoga Belmira Bueno, diretora da Fuvest, diz que as pessoas que se negarem a ficar com a máscara durante a prova não serão impedidas de responder as questões.
“A gente vai priorizar o diálogo. Se não funcionar, levaremos essa pessoa para um local reservado para ela terminar a prova e não colocar em risco a saúde de outras pessoas. Mas fiquem certos que o caso será relatado e ela será desclassificada”, explica.
Para evitar aglomerações, a Fuvest ampliou de 88 para 148 o número de locais de prova.