Quase sete anos após ter sido cedido para prefeitura, o Lar Santana, localizado na Vila Tibério, na zona Oeste de Ribeirão Preto, segue com o futuro indefinido. O executivo municipal chegou a abrir uma licitação para reforma do imóvel, mas a obra ainda não saiu do papel.
Na última terça-feira (14), representantes da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e da associação de moradores da Vila Tibério reclamaram da situação de abandono do prédio na Câmara Municipal.
Tânia Murata, presidente da associação de moradores do bairro, lamenta a situação que se encontra o Lar Santana, que foi tombado como patrimônio histórico de Ribeirão Preto. O imóvel está desocupado desde dezembro de 2014 e a presidente da associação afirma que o local tem sido alvo de depredação.
“Ele ficou parado, ficou abandonado e foi invadido”, lamentou a presidente da associação. “Gostaria que voltasse a vida e não do jeito que está”, disse Tânia.
Procurada nesta quarta-feira (15), a Prefeitura de Ribeirão Preto disse, por meio de nota, que está em diálogo com entidades e sociedade civil organizada para “buscar uma melhor destinação para o espaço”.
Licitação
Em março de 2020, a Prefeitura de Ribeirão Preto chegou a anunciar uma licitação para reforma do Lar Santana, no valor de R$ 1,1 milhão.
O edital apontava a necessidade da troca de vidros de janelas, portas, reforma dos banheiros, troca do forro do telhado, além de obras de hidráulica e projeto de combate a incêndios.
A empresa Cedro Construtora e Incorporadora LTDA venceu a licitação pelo valor sugerido pelo município, porém a prefeitura revogou a licitação em outubro do ano passado.
Questionada pela reportagem sobre o motivo da anulação da licitação, a prefeitura não respondeu.
Histórico
O Lar Santana foi fundado em 1931 pela Ordem das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição e funcionou durante 82 anos como escola. Dentro desse período, o imóvel também teve a função de orfanato, quando teve madre Maurina Borges da Silveira como madre superiora do orfanato.
A religiosa foi presa em 1969 acusada por acobertar militantes contrários à ditadura militar. Depois de presa, madre Maurina foi torturada sendo submetida a sessões no pau-de-arara e choques elétricos.
Depois de passar cinco meses na prisão, madre Maurina foi extraditada para o México, em março de 1970, em troca do cônsul japonês Nokuo Okuchi, sequestrado por militantes de esquerda. Ela ficou 15 anos fora do país, voltando em 1985.