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CotidianoNova York tira a máscara e Brasil segue enterrando seus mortos

Nova York tira a máscara e Brasil segue enterrando seus mortos

Sempre teremos os otários de plantão, que tomam decisões individualistas e que sempre afetam o coletivo. Resultado disso: mais de 435 mil mortes por covid-19

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Rodrigo Stabeli, Pesquisador Titular da Fiocruz, professor de Medicina da UFSCARe consultor da OPAS/OMS

Na semana passada, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) divulgou uma recomendação, onde americanos totalmente vacinados (duas doses), poderão permanecer sem máscara em locais públicos, quando estiverem andando com a família, fazendo exercícios ao ar livre ou, até mesmo, participando de pequenas reuniões, desde que os outros estejam também vacinados. Porém, o CDC ainda recomenda que, para frequentar locais maiores ou transporte público, por exemplo, as medidas de segurança ainda estão valendo: use máscara e mantenha a distância segura.

Mas será que tirar a máscara, nesse momento, é um ato sensato? E como isso funcionaria para o Brasil?

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Antes disso, vamos aos fatos, para que meus seguidores haters continuem desempenhando seu papel de hipócritas, ou seja, lendo a matéria toda, bravejando nas redes sociais, mas fazendo a prevenção às escondidas, afinal, os holofotes do negacionismo devem ficar acesos. Foi assim desde que a humanidade aprendeu a se comunicar e enfrentar epidemias. A culpa é sempre do vizinho, e não faço parte desta “coletividade”, porque tenho meus direitos. Resumindo, sempre teremos os otários de plantão, que tomam decisões individualistas e que sempre afetam o coletivo. Resultado disso: mais de 435 mil mortes por COVID-19, os ainda incontáveis órfãos da pandemia, e mais de um terço de quem enfrentou a doença, com sequelas para o resto da vida. Mas não se engane, a conta de tudo isso vai chegar e será muito cara.

Pois bem, a população dos Estados Unidos é de 329 milhões, aproximadamente, praticamente o dobro da brasileira. Por lá, cerca de 42% de seus cidadãos já foram vacinados com a primeira dose da vacina (o que representaria, aproximadamente, 69% da população, se fosse no Brasil) e, cerca de 29% (96 milhões de pessoas) já receberam as duas doses. No Brasil, segundo o painel “Brasil #patriavacina”(onde?), até ontem, cerca de 35 milhões de pessoas já tomaram a primeira dose (apenas cerca de 16,5% da população total) e 16,6 milhões, um pouco menos de 8%, receberam a segunda dose. Nas “Olímpiadas da vacina”, somos fracassados também. Aliás, o SUS preconiza equidade de saúde para todos, e você não é mais importante do que um atleta para receber a vacina e, ao final do texto, você vai entender por que falo isso. Engraçado que, “dado o porte de atleta”, por que vaciná-los? Para você já entender que o que acontece é mais uma bola fora do governo federal no que diz respeito ao entendimento do controle da pandemia. Em olímpiada, jogadinha política.

No ranking da vacinação mundial, realizado pelo consórcio de imprensa, estamos na posição 56, e isso é uma vergonha, porque o Brasil possui o maior Programa Nacional de Imunização, e consegue vacinar cinco vezes mais rápido do que qualquer outro país de grande dimensão do mundo. Não fazemos isso porque já está claro que o governo apostou na tal imunidade de rebanho, que nunca aconteceu em nenhuma pandemia já enfrentada pela humanidade em toda sua história.

A imunidade de rebanho é mais uma distorção da realidade, utilizada pela incompetência no enfrentamento à COVID-19. Imunidade de rebanho só vem com vacinação, e no Brasil, se aplica 22 doses a cada 100 habitantes, enquanto os EUA e o Reino Unido aplicam cerca de 74 doses a cada 100 habitantes. Detalhe, os EUA “NUNCA” fizeram campanha de vacinação gratuita. Mas foi pela vacina, e não pela #cloroquina, que eles resolveram se mobilizar.

Essa mobilização dos EUA, pela vacinação em massa, fez com que a taxa de incidência do novo coronavírus diminuísse, e a mortalidade e hospitalização despencassem. Por isso, a meta do país é chegar, ao final do mês, com cerca de 70% de cobertura de sua população, pelo menos com a primeira dose. Alguém viu aí os EUA incentivando o uso precoce de cloroquina ou ivermectina? Dá um “googleada” aí!!

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Foram nos dados de baixa de mortalidade e hospitalização, que o CDC se baseou para dar a liberação do não uso de máscara, já comentado aqui. Segundo o órgão, dados recentes dos EUA e de Israel, mostraram que a vacinação tem eficácia superior a 90% na contenção de casos leves também, além dos casos graves, hospitalizações e mortes, dados que já conhecemos (para os haters, negs e anti-cie, veja os dados do seu país dos “dreams” clicando aqui). 

Nesse mesmo site, podemos encontrar a informação de que 9 mil pessoas entre 95 milhões pegaram COVID-19 após a vacinação completa, em todo o mundo. Ou seja, baixa probabilidade.

A ciência também pode ser a vilã, quando está sendo atrelada a movimentação política, e é isso que acontece no anúncio de dispensa de uso de máscaras, em determinados ambientes nos EUA. Todas as vacinas anunciadas até agora, atestam efetividade contra os casos graves e óbitos pela COVID-19, e isso não quer dizer que atingimos a imunidade de rebanho. Estou dizendo que a cobertura vacinal ainda não é suficiente, em nenhum país, para proteger um indivíduo que ainda não foi vacinado. Com o surgimento de novas linhagens pelo mundo afora e a falta de coletividade geral, o bom senso deve ainda apontar para o uso de máscara, seja no ambiente que for.

É a máscara que tem a efetividade adicional para que você, que foi vacinado, não contraia a doença, mas se você estiver entre os 0,0001% de casos infecções letais por COVID-19, mesmo vacinado, bye, bye…

A decisão do CDC, na minha leitura, foi precipitada e aderente a campanha política de “os EUA foi o primeiro grande país a tirar a máscara”.

No Brasil, não temos nem vacina e nem campanha de uso de máscara. Opa, vamos “dar crédito aos bois” ou “nome aos bois”, agora me falha o ditado. Essa semana que passou, o Ministério da Saúde soltou uma campanha publicitária do uso de máscara e apoio a vacinação. Efeito das 435 mil mortes ou da famigerada CPI? O problema das campanhas publicitárias feitas para salvar vidas é que não atingem o líder da nação, que continua se aglomerando e não usando máscara. Zé Gotinha que se cuide, a culpa é sua…

Resumindo, meus nobres leitores, a vacina protege contra casos graves e mortes. A mascará protege contra todos os casos, e permite que, além disso, você não espalhe a doença por aí.

Vacinação não é bundalelê. Tomou a vacina? Continue usando máscara, não se aglomerando e nos ajudando a vencer essa pandemia.

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