Parece que foi ontem quando a bolsa brasileira atingiu o número de um milhão de contas pessoas físicas. Um marco para o mercado financeiro, que durante anos ficou estagnado por volta das 500 mil contas. Essa marca foi atingida em 2018, dobrou em 2019 e hoje está em quatro milhões. Um crescimento exponencial. E o mais surpreendente é que essas contas acumularam um estoque de R$ 519 bilhões no final de setembro deste ano de 2021 e foram responsáveis por 20% do volume negociado (compra e venda). São dados que já impressionam, mas é apenas o início.
Um dos fatores que contribuíram para esse crescimento foi a queda forte dos juros em 2019 e depois em 2020 para os níveis mais baixos da história do país. Isso forçou o investidor a procurar alternativas além da renda fixa, de maior rentabilidade esperada. Entretanto, esse movimento também motivou o investidor a buscar mais informações e aprendizado, já que renda variável não é tão simples quanto investir em um CDB e ganhar 1% ao mês sem muito esforço.
Vimos um amadurecimento significativo do investidor pessoa física. Mesmo no auge dos impactos da pandemia sobre as ações, os CPFs e volumes aumentaram. A maioria das pessoas está entrando no mercado de renda variável para aprender e entender outras modalidades de investimento. No terceiro trimestre de 2021, as pessoas físicas que operaram no segmento de renda variável pelo menos uma vez por mês superaram 1,5 milhão.
Outro ponto de extrema importância na mudança de perfil foi a diminuição de pessoas buscando ganhos rápidos de curto prazo, para metas e objetivos de médio e longo prazo. Está cada vez menor o número de indivíduos que acham que a bolsa é cassino e cada vez maior os que entendem que, para ganhar mais, é necessário assumir mais riscos e que o resultado não vem de um dia para o outro. Compreendem também os mais diversos benefícios de aplicar em bolsa como:
– Facilidade de comprar e vender
– Custo baixo (muitas corretoras não cobram nada)
– Liquidez rápida
– Proteção contra inflação
– Diversificação nos mais variados setores da economia
– Isenção de imposto de renda nos dividendos (até o momento)
– Imposto de 15% no ganho de capital
– etc
Porém ainda é muito pouco. Nem 3% da população investe na bolsa de valores no Brasil, enquanto nos Estados Unidos, mais de 60% investem no mercado de renda variável. Temos um longo caminho educacional financeiro a percorrer e uma grande disparidade entre homens e mulheres. Apenas 25% dos investidores são mulheres. E o desafio é grande. Boa parte da população tem dificuldade com a matemática básica, então imagine falar de juros compostos e de lucros futuros trazidos a valor presente.