A Polícia Civil de São Paulo centralizou em Guarulhos as investigações sobre mortes de cães após consumo de petiscos supostamente contaminados da empresa Bassar, informou a SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública). Boletins de ocorrência foram registrados na Capital e nas cidades de Guarulhos, Santos e Bragança Paulista. O município de Franca, a 90 quilômetros de Ribeirão Preto, tem um caso suspeito, mas a ocorrência ainda não está na estatística da SSP.
A investigação foi centralizada na Delegacia de Investigações sobre Infrações Contra o Meio Ambiente (DICMA) de Guarulhos, onde fica a fábrica da Bassar. A SSP não informou a quantidade de ocorrências registradas em território paulista.
“As demais delegacias que registraram casos semelhantes farão as oitivas dos donos dos cães, a solicitação de laudos periciais e, em seguida, encaminharão as ocorrências à DICMA e Guarulhos”, informou a SSP.
Suposta contaminação
Após a morte de cachorros em São Paulo e em Minas Gerais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou o fechamento da fábrica, bem como o recolhimento dos produtos. O Ministério também suspendeu dois lotes da substância fornecida pela Tecnoplan (AD5053C22 e AD4055C21).
Isso porque o propilenoglicol, insumo utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, adquirido pela Bassar, estaria contaminado com etilenoglicol – mesma substância que causou a morte de 10 pessoas que consumiram a cerveja Becker em 2019.
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Morte suspeita em Franca
A tutora Larissa Freire afirma que seu cachorro morreu em Franca por complicações causadas pela ingestão de petiscos da Bassar. Segundo ela, o shih-tzu Snoopy desenvolveu quadro renal agudo e ficou internado entre 23 de julho e 13 de agosto, quando acabou não resistindo.
“Comprei o petisco em 16 de julho. Três dias depois, dei para o Snoopy. No mesmo dia, ele começou a apresentar vômito. Já em 23 de julho, como não havia melhorado, ele fez exames e foi constatado altos níveis de ureia e creatinina. Então foi internado com urgência”, explicou a tutora.
Snoopy tinha 6 anos e ficou internado por 21 dias em uma clínica de Franca. Lucky, outro cachorro da família, também ingeriu os petiscos e apresentou diarreia, mas não evoluiu para quadro grave, de acordo com Larissa.
“Tanto o Snoopy quanto o Lucky sempre tiveram uma saúde de ferro. Foi uma queda muito grande ver o sofrimento daquele cachorrinho que era tão animado. Você compra um petisco de qualidade e jamais imagina que vá acontecer algo desse patamar. É revoltante”, disse.
Recomendação
A Polícia Civil orienta tutores que desejam realizar denúncia de morte suspeita dos animais a procurarem qualquer delegacia ou optar pela Delegacia Eletrônica. “A Polícia Civil orienta que os donos dos animais apresentem o máximo de detalhes para auxiliar nas investigações como, por exemplo, disponibilizar o petisco ou a embalagem dele e o laudo clínico do cão”.
O que dizem os envolvidos
Com sede em Contagem-MG, a Tecnoclean afirmou, na noite desta quinta-feira (8), que adquiriu a substância propilenoglicol de uma importadora e a revendeu.
“A Tecnoclean Industrial Ltda afirma que não fabrica propilenoglicol, tendo comprado da empresa A&D Química Comércio Eireli e revendido ao mercado nacional como distribuidora”, completou.
Ainda de acordo com a empresa, caso fique comprovada a contaminação, a falha deve ser avaliada entre o importador e o fabricante. Procurada, a A&D Química não se posicionou até a publicação da reportagem.
Na quarta-feira (7), a Bassar Pet Food informou que estava realizando um recall de todos os seus produtos comercializados. A empresa vinha recolhendo todas as suas linhas do varejo nacional e havia interrompido sua produção desde a sexta-feira (2), quando o governo interditou a fábrica e determinou o recolhimento nacional de todos os lotes dos seus produtos.