Na última quinta-feira (25), uma criança de 10 anos morreu em Belo Horizonte-MG após a inalação do aerossol contido em um frasco de desodorante. De acordo com a família do garoto, João Victor Santos teria participado do chamado “desafio do desodorante”. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera os “jogos perigosos” como um distúrbio comportamental listado na Classificação Internacional de Doenças.
Outros jogos, como o “Desafio Momo”, fazem parte desse tipo de “jogo” que coloca em risco a segurança e a vida de crianças e adolescentes. Os “jogos perigosos” são definidos pela OMS como “um padrão de jogatina, online ou offline, que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física” de um indivíduo.
O perigo pode se manifestar tanto pelo excesso do tempo gasto com a “brincadeira” quanto pelos “comportamentos e consequências de risco” associados diretamente às regras do jogo. No caso do “desafio do desodorante”, por exemplo, os participantes são incentivados a inalar aerossóis impróprios para o consumo humano.
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Dados do Instituto Dimicuida apontam que pelo menos 27 crianças e adolescentes morreram no Brasil até o ano passado ao tentarem algum dos “jogos perigosos”. Mas como pais e responsáveis podem prevenir o risco desses desafios entre crianças e adolescentes quando a presença online se faz mais obrigatória a cada dia?
“Proibir o acesso à internet não adianta e, assim, não chegamos a lugar nenhum. É preciso alertar as crianças da mesma maneira que você ensina a prestar atenção ao atravessar a rua, por exemplo”, aponta a pediatra Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho Saúde Digital da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
“A internet é um local público e as pessoas podem colocar qualquer coisa lá. Deixar uma criança sozinha com o celular ou o computador é como largá-la no meio do Parque Ibirapuera e esperar que nada aconteça”.
Psicológa e colunista do Estadão, Rosely Sayão ainda explica que é importante diferenciar a vigilância entre crianças e adolescentes, que demandam um monitoramento mais “discreto”. “O ideal é fazer um trato de que ele vai usar o celular e as redes sociais, mas ciente de que os pais depois vão ver o que foi feito”, ressalta. “Essa atitude já é um controle e pode fazer com que eles evitem algumas coisas.”
Rosey frisa ainda que, acima de tudo, é importante que os pais não confiem nos filhos. “Tanto a criança quanto o adolescente vão agir de acordo com a idade que têm e desobedecer, se rebelar etc.”, aponta. “É o contrário que precisa acontecer: os filhos que precisam confiar nos pais, para dividirem as dúvidas com eles.”
Abaixo, confira algumas dicas de como pais e responsáveis podem abordar esse problema e se prevenir contra os “jogos perigosos”:
- Alerte sobre os desafios que existem e por que eles são perigosos
- Converse e alerte sobre a pressão social dos amigos e como não se deixar levar
- Nunca deixar a criança ou o adolescente sozinho e trancado no quarto jogando videogames online
- Procure saber e conheça quem está do outro lado da tela
- Atente-se ao conteúdo disseminado pelos jogos
- Estabeleça horários e regras para o uso da internet
- Se necessário, espelhe o conteúdo do celular em uma TV