A triatleta Jéssica Messali contrariou os prognósticos médicos e se reabilitou em tempo recorde para as paralimpíadas de Tóquio, no Japão. Jéssica sofreu queimaduras de 3º grau nos pés, durante sua preparação em Portugal. O acidente aconteceu no início de julho, em uma sauna.
“Estava fazendo aclimatação para o calor da prova. O intuito era preparar meu corpo para que não sentisse o calor que estaria no momento da prova – 35ºC foi a temperatura da largada. Era o oitavo dia de protocolo de uso de sauna e naquele dia coloquei as pernas para cima. Tenho problemas circulatórios e não sabia que não podia colocar as pernas para acima em um ambiente de sauna”, explica.
As queimaduras causaram necrose nos pés, o que obrigou a amputação dos dedos. Em Portugal, ouviu dos médicos que estaria fora das paralimpíadas. Ao invés de aceitar, preferiu seguir seu coração.
Volta ao Brasil
Natural de Jaboticabal, Jéssica mora há dois anos em Ribeirão Preto. A triatleta decidiu retornar à cidade para ser tratada em um hospital particular. Na unidade, ela fez 10 cirurgias em 25 dias – definitivamente desistir não estava nos seus planos.
“Eu tinha uma grande meta e objetivo de me preparar para as paralimpíadas, foram dois anos de dedicação só para conseguir a vaga e mais dois para a preparação. Não tenho palavras, é uma conquista muito grande”, disse.
Grata à equipe médica que a atendeu, Jéssica não só foi para Tóquio, como também fez bonito na competição internacional. Pela classe PTWC, categoria estreante no feminino nas paralimpíadas, a triatleta conseguiu o quarto lugar e ficou a 1m24s de garantir a medalha ao Brasil.
O marido José Carlos Messali é também seu headcoach [treinador principal] e destaca a força dela. “Jéssica é a pessoa mais forte que já conheci, acompanhar ela em todo esse processo só aumentou minha admiração pela garra e força mental que ela tem. Em Portugal não podíamos nos ver e ela administrou tudo sozinha”, disse.
“Ela treinou com o que tinha no período das cirurgias, até peso para manter os braços fortes ela levou ao hospital, buscou memória muscular, afinal não podemos anular todos os últimos anos de treinamento e ela teve inteligência e garra para colocar tudo isso na prova”, complementa.
História no paratrialton
Jéssica sofreu um acidente automobilístico em 2013, ficou paraplégica e descobriu o paratriathlon em 2017.
Ela já ganhou três medalhas de ouro em Copas do Mundo, foi prata duas vezes no World Series em Milão e Yokohama, além de ter conseguido duas pratas em em Panamericanos.
Depois de Tóquio, ainda foi campeã da Copa Brasil de Paraciclismo e terá pela frequente mais competições neste ano. Segundo ela, o grande foco agora é a preparação para o mundial de Abu Dabi, nos Emirados Árabes.