Austrália, Espanha e agora Estados Unidos. Estes são apenas alguns dos países em que o encordoador Marcelo Ferreira, de Ribeirão Preto, já esteve a trabalho. Nesta semana, o profissional se tornou o primeiro brasileiro a encordoar raquetes no Miami Open, considerada a quinta competição de maior importância para o tênis.
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O torneio reúne os principais atletas da ATP (Associação de Tenistas Profissionais) e WTA (Associação de Tênis Feminino). “Significa muito para a minha carreira profissional. Estive no torneio em 2016, mas como espectador. Fiquei fascinado e prometi a mim mesmo que voltaria para trabalhar nele”, disse o encordoador em entrevista ao acidade on.
Referência na América Latina, o profissional foi escalado por uma das patrocinadoras do torneio. Ferreira detém o certificado Pro Tour 2, da ERSA (Associação Europeia de Encordoadores de Raquete). Ele é o único com este certificado no Brasil.
Início
Marcelo Ferreira tem 36 anos e é natural de Uberaba (MG). Porém, se radicou em Ribeirão Preto, onde possui uma loja de equipamentos de tênis, na zona Sul. Seu primeiro contato com o esporte foi quando tinha apenas 11 anos. “Depois, comecei a jogar tênis e a encordoar por necessidade”, explicou.
O torneio em solo norte-americano marca o retorno do encordoador ao calendário internacional. Ele, inclusive, chegou a gravar um vídeo na sala de encordoamento da competição na Flórida (assista acima).
“Antes da pandemia eram no mínimo dois torneios ao ano. Por conta dela, ficamos dois anos parados. 2018 foi o ano que eu mais encordoei. Fiz três torneios seguidos: Australian Open, ATP 250 de Buenos Aires e o Rio Open”, afirmou.
Reconhecimento
Figura que não entra nas quadras, mas de extrema importância para o jogo, o profissional também relembrou uma situação envolvendo Pablo Carreño Busta, tenista espanhol que aparece na 19ª posição do mundo.
O caso, em 2018, ocorreu durante uma partida no Rio Open, ATP 500 disputado no Rio de Janeiro. “Ele tinha um mix de cordas – dura e macia. Começou a chover, e a corda macia não podia ter contato com água. A partida foi interrompida por 30 minutos e, neste momento, ele correu para a sala e pediu para gente tirar todas as cordas e colocar só cordas duras”, contou.
“Peguei a raquete e fui bem rápido. Ele voltou para a partida e ganhou. Depois, voltou para a sala e me agradeceu pela rapidez, o que é bem raro entre os tenistas. […] Ver o cara jogando com a raquete que você acabou de encordoar, é um sentimento que não dá para explicar”, completou.
Planos
Marcelo ficará nos Estados Unidos até o final do torneio, em 3 de abril. Sua próxima meta é contribuir para a profissionalização de novos encordoadores no Brasil.
“Já estou vendo outros torneios. É provável que eu faça mais um nos Estados Unidos neste ano. Meu próximo objetivo é voltar para o Brasil, dar um curso a novos encordoadores e ajudar a categoria a se profissionalizar”, finalizou.