
E os técnicos da dupla Come-Fogo também fizeram suas avaliações. A eliminação nas quartas de final para a Bélgica, por 2 a 1, deixou Pinho, comandante do Comercial, inconformado.
"Falo como um brasileiro revoltado com tudo o que aconteceu. Estou há 55 anos no futebol e vi muita coisa errada. A seleção tinha três auxiliares de nome e será que não tinha ninguém para fazer uma orientação melhor aos jogadores, corrigir o posicionamento em campo? E o comportamento do Neymar também não existe. Ele só pensou nele o tempo inteiro, irritou todo mundo e agora está passando pela chacota por causa da fama de cai-cai", disse Pinho.
O veterano treinador questiona também escolhas de Tite como, por exemplo, o substituto de Casemiro, que estava suspenso, e deu lugar a Fernandinho na partida contra os belgas.
"Após a saída do Casemiro só tinha um jogador que poderia ter jogado na cabeça de área e era o Marquinhos. Todo mundo sabe que ele pode jogar de volante e tem hora que você não pode por os pequenininhos para jogar, tem que ser os grandões para equivaler com o adversário."
"Nas primeiras partidas o Brasil jogou de 40% a 50% e na última, que se esperava mais, jogou 60% da sua capacidade. Se tivesse jogado 70% o Brasil seria campeão. A seleção jogou muito pouco em comparação com aquilo que é capaz de jogar. Faltou uma cobrança maior", ressaltou.

Léo Condé, treinador botafoguense, admite também ter se decepcionado com a eliminação nas quartas de final, mas ainda acredita que houve avanços.
"Depois de dois bons jogos contra Sérvia e México, ficou a esperança de que o Brasil poderia seguir, mas o gol cedo da Bélgica atrapalhou muito porque acabou propiciando a eles o que eles tinham de melhor, que era o contra-ataque. Pelo menos não decepcionou como na última Copa por ter uma equipe mais equilibrada", disse.
Sobre Neymar, Condé acredita que é preciso haver meio termo com as críticas, mas também o jogador precisa rever algumas coisas. "Neymar teve lesão considerável bem próximo da Copa e isso atrapalhou o rendimento técnico, mas ele tem também que fazer uma análise de condução de carreira e modificar a postura dele, que atrai coisas negativas."

Pinho e Condé torcem para Tite ficar
Tite e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não definiram se o treinador seguirá no comando da seleção. A entidade aguarda período de férias dado à comissão técnica e espera até o final da próxima semana para acertar a permanência do treinador.
Pinho é favorável à permanência de Tite no Brasil, mas com uma condição.
"Não tem como mudar, não tem outro. Hoje, a melhor opção para ser treinador da seleção brasileira é o Tite, mas ele tem que voltar às origens dele. Tirar o paletó e falar o português claro, ser cascudo, como sempre foi, e cobrar mais os jogadores", afirmou.
Léo Condé também torce pelo "sim". "Tite é hoje o profissional mais preparado para exercer o cargo dentre todos os treinadores brasileiros. Fico na torcida para que ele continue até porque eu, como treinador, sei que aprendemos sempre com os erros e acertos. Uma sequência de trabalho poderá propiciar ao Tite fazer correções para o próximo ciclo da Copa", ressaltou Condé.
Os cinco erros da Seleção Brasileira na Copa do Mundo:
1 - Falta de concentração e acessos liberados
Os jogadores da seleção brasileira tiveram contato constante com a família e amigos durante o período das concentrações na Rússia. Um amigo de Gabriel Jesus chegou a filmar e publicar nas redes sociais imagens de um treino fechado da seleção e ainda houve privilégios, por exemplo, a Neymar, que saiu para jantar com a namorada e hospedou o pai no mesmo hotel da seleção.
2 - Insistência com jogadores contestados
Preocupado em mostrar coerência com o elenco, Tite não sacou do time jogadores que não vinham fazendo bons jogos na Copa do Mundo. Gabriel Jesus é o caso mais claro. O camisa 9 passou a Copa inteira sem marcar um gol sequer, enquanto que Firmino seguiu como opção de banco, mesmo estando em momento melhor.
3 - Alto número de jogadores lesionados e voltando de contusão
O departamento médico da seleção brasileira esteve sempre povoado durante o Mundial da Rússia. O volante Fred se machucou ainda nos amistosos pré-Copa, não foi cortado e passou toda a competição em recuperação.
Douglas Costa também vinha de série de lesões e se machucou durante a Copa. Além deles, atletas como Fagner, Renato Augusto e Neymar, por exemplo, chegaram à Copa sem estar em 100% das condições.
4 - Individualismo de Neymar
Referência técnica da seleção brasileira, Neymar foi muito marcado na Copa e não conseguiu brilhar da maneira que todos aguardavam. Individualista em diversos lances, o jogador passou a ser questionado por simular faltas e exagerar no gestual em alguns lances em que pedia falta dos adversários.
5 - Falta de liderança e controle emocional
Sem um líder declarado no grupo, Tite optou por promover um rodízio da faixa de capitão nos jogos da Copa e isso mostrou que faltou a figura de um jogador que pudesse comandar a seleção e ser decisivo nos momentos mais difíceis.
O choro de Neymar após a vitória contra a Costa Rica mostrou que o time estava sofrendo com a forte pressão por resultados e por ser considerada até então uma favorita ao título.