- Publicidade -
CoronavírusDengue ou Covid: entenda como diferenciar os sintomas

Dengue ou Covid: entenda como diferenciar os sintomas

Febre, dor e mal-estar são sintomas que ocorrem nas duas doenças, mas modo de infecção é completamente diferente; há vacina contra a dengue? O ON Explica

- Publicidade -

Ambas doenças podem gerar casos graves. (Foto: Pixabay)

Com a alta de casos de dengue e a presença da Covid-19 no cotidiano, pacientes com quadros de febre, dor e mal-estar podem confundir as duas enfermidades. Mas há diferenças fundamentais entre elas. O que as une é a urgência em recorrer a atendimento médico para notificação do caso e seu tratamento.

- Publicidade -

De acordo com o professor de medicina da UFSCar, o epidemiologista Bernardino Alves Souto, o que difere entre as duas doenças são os sintomas respiratórios. Coriza, dor de garganta e tosse são predominantes na infecção pelo coronavírus, mas praticamente ausentes na dengue.

Outro fator que pacientes podem ficar atentos é o aparecimento repentino dos sintomas, situação percebida na dengue. “Você dorme bem e acorda mal. É muito rápida a evolução, o surgimento da doença. Geralmente a dengue começa com febre alta, de 39°C, repentinamente além de dor no corpo, na cabeça, atrás dos olhos. Esse é um fato que chama a atenção de que pode ser dengue”, explica.

Entre as reclamações mais comuns na Covid, estão a tosse, cansaço, febre. A perda de paladar ou olfato, muito divulgadas, ocorrem em parte dos casos. Os infectados podem ter ainda diarreias, irritação nos olhos e dificuldades para respirar.

Entre as crianças, a dengue também pode confundir, pois nem sempre apresenta sintomas e quando eles aparecem são leves, como febre, dor de barriga. “Aí confunde mesmo, mas em adultos os sintomas da dengue são mais fáceis de identificarmos e diferenciá-los”, resume.

Em ambos os casos é importante que o paciente busque atendimento médico para fazer o tratamento e informar às autoridades sanitárias sobre a suspeita. No caso da Covid, há a exigência de isolamento físico, para que o paciente não passe a doença para outras pessoas.

- Publicidade -

A dengue, quando notificada, resulta em bloqueios localizados nos bairros. Cientes do caso confirmado, a Vigilância Epidemiológica visita a casa do paciente e toda a vizinhança a fim de exterminar os focos de proliferação. Também é realizada a nebulização com inseticida para matar os mosquitos.

Meios de transmissão diferentes
A dengue e a Covid-19 têm meios completamente diferentes de disseminação. O Sars-CoV-2 não precisa de um mosquito para levá-lo a outra pessoa. Ele faz isso pelo ar. É assim com a influenza, outro vírus respiratório.

A dengue familiar da febre amarela, zika e chikungunya precisa de um vetor, no caso o Aedes aegypti, para picar uma pessoa contaminada e levar o vírus até outra pessoa. Ele ainda pode botar ovos contaminados que resultarão em crias infectadas até um ano após a postura.

Com meios de transmissões distintos, os modos de bloqueio são diferentes também. Em comum estão a ação comunitária para barrar as doenças. Contra a Covid, máscara e distanciamento social além da vacina ajudam a evitar a transmissão. No caso da dengue, o enfrentamento recai sobre o mosquito e seus locais de procriação em água parada. Aí ajuda manter o quintal e terrenos limpos.

Vacinas
No quesito vacinas, a dengue e a Covid estão em patamares diferentes. E isso se dá por características biológicas e socioeconômicas.

No Brasil, há vacina quadrivalente contra a dengue autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a eficácia dela é de 65,5%. O imunizante é mais indicado para quem teve um tipo da doença (a dengue conta quatro sorotipos), segundo Souto.

“Ela [a vacina] tem um problema: se aplicar em quem nunca teve dengue e a pessoa pega a doença pela primeira vez, ela pode ser mais grave por causa da vacina”, salienta.

A eficácia na prevenção de dengue grave é de 93% e de internação, mais de 80%. Pontos que pesam a favor do imunizante. A dengue, quando hemorrágica, gera quadros graves que levam até a morte.

Já a vacina contra a Covid-19 utiliza diferentes tecnologias a depender do laboratório que a desenvolveu. A eficácia varia entre imunizante, mas todas têm alta proteção contra casos graves. No Brasil e no mundo houve redução de casos, hospitalizações e mortes após a campanha de imunização.

As mais diversas opções de vacina contra a Covid-19 exemplificam, na opinião do professor de medicina, a deferência no desenvolvimento de enfermidades que afetam países ricos, em contraposição a doenças mais presentes em nações pobres, como a dengue.

Em que pese a diferença de conjuntura, até porque a Covid-19 é uma emergência mundial, historicamente o financiamento de pesquisa mais polpudo nas nações do Hemisfério Norte ignora doenças subtropicais, chamadas também de enfermidades negligenciadas.

“É uma doença que se dá no Hemisfério Sul, do Equador para baixo. É uma enfermidade que interessa pouco aos pesquisadores ricos. Então acaba sendo uma doença negligenciada pelo mundo rico e problemática no mundo pobre, com menos investimentos. Não é uma pandemia como o coronavírus que afeta toda a Europa, América do Norte. Aí eles ficam preocupados e querem acelerar a vacina. Eu acho que é outro fator que pode contribuir para isso”, opina.

Pandemia, epidemia, endemia
As duas doenças apresentam status de disseminação diferentes. A Covid-19, por exemplo, está enquadrada como pandemia, termo usado quando uma epidemia afeta extensa dimensão geográfica.

Mas, o que é epidemia e endemia? O professor de medicina responde que endemia é quando uma doença tem disseminação estável e permanente em determinado local. A dengue, por exemplo, é endêmica, mas pode se tornar epidêmica, como ocorre em Araraquara.

“Quando o número de novos casos começa a subir muito além do que é de costume ou esperado, aí a gente chama de epidemia”, exemplifica. 

A epidemia pode acontecer em diferentes escalas. Pode ser em uma cidade, como o caso da epidemia de dengue em Araraquara. Ou em uma região inteira, como foi o caso de febre amarela no interior paulista nos fins do século XIX.

Com o prefixo grego “pan”, que exprime universalidade e totalidade, vira a pandemia, como a Covid-19. Assim fora a de gripe espanhola no entre período entre guerras.

- Publicidade -
Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -